KIKI GARAVAGLIA ou A ERA DA FAXINA*

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Outro dia foi difícil falar por telefone com a Kiki. Não, ela não estava mais terminando uma tradução como na semana anterior: “Faxinei a casa toda. Subi agora de fazer almoço e lavar a louça”.

Vivemos a Era da Faxina, entre Rainbows e mops ou, mais comumente – e às vezes de luvas -, entre vassouras, rodos, panos de chão e produtos de limpeza cujos nomes agora são mais que familiares no nosso dia-a-dia quarentenado.

Imagem de utesinsilios domesticos

Tivemos que aprender e nos adaptar rapidamente àquilo que mandávamos fazer – ou nem isso… Nunca prestamos a menor atenção ao modus faciendi de coisas tão simples como limpar o chão e lavar o banheiro, horror dos horrores já vivido até por um possivelmente futuro rei da Inglaterra, o príncipe William.

Estamos em tempos totais de “do it yourself” compulsório e “multitask”. Pela internet pedimos nosso táxi e varamos noites comprando passagens aéreas mais baratas por um lado; e, por outro, agora arrumamos nossa própria cama, preparamos cada refeição, e tivemos que acabar com as frescuras, até porque nada disso faz cair a mão de ninguém!

Vivemos sem ‘elas’, as empregadas (OK, funcionárias) ou diaristas, com mais liberdade em casa, mesmo que a gente morra de saudades de uma roupa bem passada e de uma comidinha caseira dos deuses, além da mordomia. Quem morou fora já pensava e agia deste modo atual. Mas, e quem não fez nem intercâmbio no interior dos Estados Unidos, será que já se acostumou sem as (des)empregadas?

Não perguntei isso pra Kiki, que com certeza acharia meu papo prosaico, no mínimo. Porque gente civilizada não escarafuncha a vida alheia. E não pergunta o que a pessoa está fazendo ou deixou de fazer. Isso não é assunto, a menos que o outro queira contar. Como Kiki, portadora de humor cult e de uma gargalhada mais fotogênica do que sonora a vida toda.

Falando daqueles que nos serviam, e agora estão aos poucos voltando a frequentar novamente as  nossas casas… certamente estão encontrando gente mais afável, respeitosa, e literalmente mais calejada da vida.

Provavelmente estamos nos aproximando de um novo tempo em que descobrimos que também quebramos copos e outros objetos sem querer, que somos capazes de estragar um roupa ao passá-la, e que perdemos mesmo dentro de casa – ou esquecemos em algum lugar – aquelas coisas consideramos desaparecidas para sempre.

Se Deus quiser, e Nossa Senhora ajudar”, como diria a empregada que viveu por 40 anos na casa dos meus pais, pode estar chegando um novo dia de um novo tempo em que passemos a chamar ‘elas’ de ‘nós’. Amém!

*homenagem ao genial Nelson Rodrigues que, entre outras pérolas da realidade cruel do nosso cotidiano, escreveu uma famosa peça de teatro que chamou de ‘Otto Lara Resende ou Bonitinha mas ordinária‘.

 

Sergio Zobaran

 

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