Acordei cedo, mexido de véspera por sentimentos nostálgicos e anti-progressistas. Exaltado por altas dúvidas sobre nosso novo presente, inconformado a respeito do futuro. Meu incômodo é sobre o atual e desenfreado crescimento imobiliário nas capitais brasileiras que frequento e acompanho – e a respeito disso deveria dar graças a Deus, por todos os motivos profissionais – versus o fim inevitável de antigas e boas construções de diferentes e ricas arquiteturas urbanas.
Estamos vivendo e vendo a olhos vistos o que está sendo demolido e o que chega por aí construído… e me pergunto neste país de civilização recente, porém já com mais de 500 anos: será que o que é velho caduca? E que o novo é sinônimo de melhor? O fato é que estão acabando com casas e edifícios de valor estético relevante ou, no mínimo, afetivo, e lutando por mais espaço para moradias modernas – perdendo-se aí muito do passado como referência…
Isoladamente ou em conjunto, os buracos que se formam no princípio, com as demolições, já prenunciam novos modelos de habitar, e também de utilizar as cidades que hoje nos acolhem com seus comércios e serviços tradicionais, substituindo-os por modelos inovadores que nos fazem antever estranhezas às quais obviamente ainda não estamos acostumados e que, portanto, ainda não dominamos.
O tombamento destes bens imóveis não é a principal questão, pois para ele existem normas e leis claras. Mas não seria a hora de rever os critérios dos diversos tipos de preservação que defendessem, além disso, a nossa memória, e que nos trouxessem bem estar e uma possível continuidade? Algo do tipo: deixa estar para ver como é que fica? Porque esta parte nós já sabemos. Pois o que fica, a gente reconhece, e muitas vezes gosta.
Ou simplesmente tiramos da frente a nossa história, renegando um passado presente, refutando o natural envelhecimento, como acontece com nós mesmos? Temos, alternativamente, a possibilidade de um lifting urbano, como vem acontecendo com alguns trabalhos de retrofit. E mesmo a transformação de uso mais utilizada no comercial e menos no residencial. Por mais e até melhor reutilização daquilo que já temos. Em nome dos pais, filhos, netos… assim seja.
As fotos, do Beto Riginik, do Hospital Umberto I mostram seu estado antes da bela transformação empreendida pelo francês Alexandre Allard no atual complexo Cidade Matarazzo, em SP.
Fotografia da capa: Beto Riginik
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