LEILOE-SE!

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O taxista adverte: se não quiser receber por e-mail, diariamente, montanhas de malas-diretas com ofertas de pneus, nunca faça pesquisas sobre o tema na internet! E o mesmo, por extensão, com todos os outros assuntos, claro.

Não sei de você mas, no meu caso, sou abalroado todos os dias e noites – rola uma leve trégua no fim de semana – por dezenas de newsletters que anunciam “mega leilões extraordinários, imperdíveis”, às vezes em sequências numéricas impressionantes (por exemplo: centésima trigésima segunda edição do leilão X), às vezes em duas sessões, ou com mais de um dia de duração – em sua imensa maioria on line, uma nova onda que já imperava e foi impulsionada pela pandemia.

Ou seja, daquela velha prática da exposição prévia  (que agora temos que especificar como “presencial”) das peças, do discurso estiloso, sedutor e vendedor do leiloeiro com as respectivas descrições, da plateia eclética e inebriada por duas doses a mais, telão, dedos e placas com os números que identificavam os compradores, e da disputa entre eles pelos lotes até a martelada final de cada pregão, pouco sobrou nas versões virtuais atuais.

Mas, ao contrário do que pode parecer na queda desses encantos, a prática de se leiloar tudo recrudesceu, rejuvenesceu, tomou corpo e ganhou novas plateias de aficcionados colecionadores, inclusive jovens, muitos, do mercado financeiro, por exemplo, além dos curiosos de plantão e dos comitentes que consignam suas peças, confiando-as por desejo ou necessidade às casas de leilões e seus organizadores apaixonados*.

De numismática e filatelia a discos de vinil, DVDs, fitas cassete, gibis, livros, militaria, antiguidades em geral, peças de estilo e real valor histórico de todas épocas, raridades com qualidade ou quinquilharias de muitas espécies, e oportunidades em geral, vive-se um boom global do colecionismo específico, do aprimoramento do acervo, da decoração em casas que agora utilizamos com mais intensidade e, quanto mais não seja, pelo desapego contemporâneo, desenfreado e despudorado, sem problemas ou preconceitos ultrapassados.

Espólios de familia, entre outras procedências, fazem assim muitos artigos voltarem ao mercado na chamada ‘economia circular’ ou ‘mercado secundário’ e são retirados por arrematantes ávidos de boas ofertas que podem ir do luxo ao quase lixo, e tudo está valendo porque o passado de uns pode ser o presente e o futuro de outros… e não deve haver qualquer empecilho que nos impeça de andar pra frente sem olhar para trás, com orgulho daquilo que vivemos, ou que ainda nos acompanhará, ou mesmo o que deixaremos para as próximas gerações.
E mais: caso estas não as apreciem, que passem para a frente em novos leilões do futuro – sejam em NFTs ou do jeito que virá por aí…

Sergio Zobaran

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Tag: Leilão

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