Palavras e expressões entram e saem de moda em qualquer língua, e só não conseguimos prever por quanto tempo irão estar presentes e tão frequentes entre nós. Por exemplo, em Português, um dos ‘mantras’ atuais reúne tudo o que é, pode ou deve ser FLUIDO. E este fenômeno parece ser pandêmico.
A FLUIDEZ (es)corre solta no mundo, repetida e aplicada em diversas áreas, sedimentando-se desde o novo conceito no design de interiores até uma possível classificação do gênero humano, que agora também se apresenta fluido. E ainda passa por nossos próprios textos e discursos, que hoje procuram ser mais… fluidos. Mas afinal, o que é fluido?
No décor, em plena “Era Orgânica” (o orgânico aqui se refere às formas naturalmente irregulares dos móveis do estilo contemporâneo que está em altíssima), ele surge, entre outros elementos, com o culto aos sofás mais uma vez curvos desde meados da década de 2010, mudando a configuração dos ambientes e tornando-os mais o quê? Mais fluidos, como todos interpretam essa nova-antiga onda como no movimento do mar – afinal as ondas vão e vêm…
Há explicação para isso no feng-shui, a arte milenar chinesa que trabalha a energia de um ambiente, “e essa energia procura som, luz e movimento”, diz a expert carioca Iara Figueiredo, que continua: “cada canto da casa significa uma energia que rege sua vida – um mapa da energia traduz os cantos da carreira, da prosperidade, do sucesso, da família, dos amigos, da criatividade, entre outros, cada um potencializado em uma área”.
Iara finaliza: “E a energia boa tem que circular. O ambiente, para ser fluido, tem que estar limpo, claro, e para haver fluidez você às vezes tem que acender uma vela, posicionar uma flor”. E atenção aos interiores minimalistas, pois Iara relembra que “às vezes a casa está muito vazia, e isto não é muito bom”. Pois então que venha o fluido, e que a fluidez fique por um bom tempo em companhia de qualquer decoração do bem.
Obs.: Quando fui criança, décadas atrás, o fluido andou muito em voga lá em casa. Era simplesmente o líquido de cheiro inesquecível que saía de uma latinha, e que meu pai inseria em seu barulhento isqueiro norte-americano Zippo, um modelo de metal prateado e masculino – sim, isqueiros modernos ou os franceses e ingleses de luxo, a maioria com bom design, já foram cisgeneros. Sem ele, o fluido, a chama não acenderia para ele, o pai, tragar o seu forte cigarro Hollywood sem filtro, enquanto a mãe fumava o seu mais elegante Minister com filtro, eventualmente com uma piteira. E assim se vivia…
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