COLLAB IS THE NEW BLACK

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Reza o ditado que duas cabeças pensam melhor do que uma. E este mote funciona para explicar a maioria das collabs que citaremos neste post, mas, como toda regra, tem suas exceções…Mas comecemos com os acertos, claro.

Como a collab entre a veneranda marca de luxo Bottega Veneta e a Air Afrique, que gerou uma plataforma dedicada à Arte e a discussão afro-diaspórica. E, para marcar o lançamento da revista Air Afrique, o diretor criativo da marca – Matthieu Blazy – encomendou uma série de cobertores ao designer franco-sudanês Abdel El Tayeb.

Uma série limitada de cobertores, que são uma composição requintadíssima e única de lâ em diversos tipos de textura e couro, cujos desenhos se baseiam na identidade contemporânea do Sudão. Esta premissa gerou uma coleção pequena, porém altamente desejável – não apenas pelo apelo da marca que a assina, mas também, e principalmente, pelo resultado estético das peças, um requintado patchwork com o melhor da manufatura da casa, famosa por suas bolsas requintadas – e desejadas.

A intenção original das collabs é, na grande maioria das vezes, inserir um olhar “estrangeiro” sobre a marca, fazendo com que o produto tenha os atributos do DNA desta, porém sob outras características formais, estéticas, promovendo uma percepção de renovação da marca.

E, no caso destas mantas, a manufatura de excelência da marca se submeteu à características muito distintas do que habitualmente se vê nas coleções da Bottega, em uma prova positiva do que este novo olhar provocou sobre as características formais da marca fundada em 1966 em Vicenza, norte da Itália.

Todas as peças desta coleção têm uma etiqueta como a acima, confirmando o desejo da marca – cujo nome significa “loja veneziana” – em se manter como uma produtora de artigos de luxo, quase raros, feitos para pouquíssimas – e endinheiradas – pessoas. Quase um item colecionável, e transformar uma manta e/ou cobertor em um item colecionável é um fantástico exercício de posicionamento.

Gaetano Pesce, uma lenda do mercado do design, conseguiu aos 82 anos de idade imprimir uma dose extra de juventude para esta mesma marca, ao propor a produção de 400 cadeiras únicas para a apresentação da coleção 2024 da Bottega, durante o último Salão de Design de Milão.

Através desta ação, o jovem octogenário mandou a seguinte mensagem: “Quem produz cultura atualmente? Um museu ou uma marca de moda?…Se virmos as mesmas coisas todos os dias, nós morremos…”.  Estas cadeiras, na verdade feitas de uma mistura de algodão e resina colorida, estarão disponíveis para venda em novembro próximo, durante a Design Miami Week. Uma collab de respeito…

Reza o ditado que duas cabeças pensam melhor do que uma. E este mote funciona para explicar a maioria das collabs que citaremos neste post, mas, como toda regra, tem suas exceções...Mas comecemos com os acertos, claro. Collab Melissa e Marc Jacobs

Sapatos da collab da marca Melissa e Marc Jacobs

Em São Paulo, a Galeria Melissa anunciou a collab com o fashion designer Marc Jacobs de forma imersiva – revestiu toda a entrada da loja com uma espécie de pastilha preta, em uma instalação assinada pelos cenógrafos Pier Balestrieri e Sergio Schnabel.

Os calçados desta coleção cápsula agregam os elementos fundamentais para uma empreitada comercial contemporânea: design, autenticidade e sustentabilidade, pois os modelos Melissa x Marc Jacobs são feitos de matérias primas de menor impacto, como o E.V.A. Biobased, composto parcialmente de derivado da cana-de-açúcar.

Esta ação mostra que uma collab pode colocar a marca em patamares mais elevados, mesmo para um produto de preço acessível. E, para quem não conhece este espaço em São Paulo, um spoiler: a equipe de vendas desta unidade é treinada para dar todas – literalmente todas – as informações do produto, das coleções e da marca. E é um prazer ver uma marca brasileira com tamanho nível de qualidade de serviços.

Outra marca de moda do patamar alto luxo a enveredar em outros campos é a Loro Piana, a marca que fará 100 anos em 2024, fundada na cidade de Quarona na Itália pelo estilista Pietro Loro Piana.

Conhecida essencialmente pelo seu acabamento primoroso, em collab com a Axolight apresentou uma mini versão da luminária Bul-Bo, desenhada no final da década de 1960 pelo atelier Gabetti & Isola. Esta peça pertence à uma série de produtos desenhados para a Olivetti Residential Center em Ivrea, e refletia em seu desenho a estética funcional de Adriano Olivetti, o brilhante empresário que foi mentor da famosa máquina de escrever Lettera 22.

 

Soube recentemente que uma das linhas de maior sucesso da marca portuguesa Vista Alegre é a que foi concebida pelo designer brasileiro Brunno Jahara, onde ele revisita a azulejaria típica portuguesa em peças de design elegante e extremamente atual, confirmando a intenção das collabs de adicionar frescor à linha de produtos e, com isso, à percepção da marca.

Aqui, Brunno conseguiu ressignificar os padrões da azulejaria lusitana em composições ora insólitas, ora tradicionais, mas sempre de forma definitivamente original, valorizando os desenhos e formas da veneranda casa portuguesa.

Aqui, tenho que ressaltar que foi motivo de orgulho ver no passado recente a louça desenhada por meu amigo Chicô Gouvêa para a mesma marca, exposta em uma vitrine em Milão. A brasilidade incontida da estética de Chicô promoveu um encontro de culturas dos países irmãos de forma poética e exuberante, onde a fauna e a flora brasileira se mesclavam às padronagens dos povos originários. Novamente – a excelência da manufatura da Vista Alegre foi fundamental para manter a integridade da exuberância do desenho deste arquiteto carioca, um confesso apaixonado pela cultura brasileira.

Para contrariar a regra, algumas collabs são muito transparentes no seu intuito de estar aproveitando um momento, situação ou parceria apenas no intuito de aparecer na mídia e/ou vender mais. É o caso da coleção Barbie para a Beis, uma marca que promete dar a todos a oportunidade de consumir bolsas, malas e acessórios de preço acessível.

Em seu site, a empresa afirma que os itens da coleção Béis / Barbie Pink estão disponíveis de forma limitada, apenas um item por pessoa desta coleção, para “…garantir que todos tenham a chance de adicionar essas peças à sua casa dos sonhos particular…”. Apesar da fragilidade do conceito desta collab, parece ter surtido o efeito desejado, pois a maioria dos itens consta como esgotado no site da marca.

As collabs parecem transmitir a mensagem de que talentos individuais podem ganhar jogos, mas “times” ganham campeonatos. E as parcerias citadas neste post parecem corroborar desta tese.

 

Endereços: Gaetano Pesce | Galeria Melissa | Marc Jacobs | Loro Piana | Vista Alegre | Brunno Jahara | Chicô Gouvêa | Beis |

Wair de Paula Jr.

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Tag: collab

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