Tá usando?

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A antiquarista mais excêntrica de São Paulo, Juliana Benfatti, já cansou de ouvir: “Tá usando?”. Ao perguntar isso, os clientes que visitam sua loja instalada em uma simpaticíssima casa no Jardim Paulistano estão querendo se certificar se a atual tendência dos interiores ainda permite o uso de determinadas antiguidades.

O que muitos entendem como: um tapete persa, um santo ou um lustre de cristal, peças que aliás ela nem comercializa…

Antiguidades, tanto quanto as modernidades, podem e devem ser usadas indiferentemente, por quem as têm ou adquire, de uma forma misturada (o tal do “mix&match”), e sem medo. Coisas boas sempre terão lugar em uma decoração se estiverem contextualizadas e bem ambientadas – o que se traduz por sua adequação ao espaço em harmonia, sempre em boa proporção e até com simetria, se for o caso, já que a admiramos tanto com nosso olhar.

O julgamento sobre o que deve ou não ser utilizado numa sala, por exemplo, precisa antes de tudo, preferencialmente, passar por uma edição – ou curadoria, como quiserem chamar – e crivo de um bom profissional de interiores.

E ser analisado a quatro mãos com o/s dono/s da casa que vai abrigar aquilo que foi escolhido a partir de um projeto que leve em consideração a utilização do local, e assim categorizá-lo como um espaço para se estar, conviver, trabalhar, cozinhar e/ou comer, dormir e por aí vai.

Itens como conforto para o corpo – ou somente visual – e usabilidade devem ser levados em conta à sério. Tipo: a chaise longue será adequada a um local para receber? O balanço tão utilizado nos últimos anos vai realmente acrescentar algo no décor e será utilizado por alguém? O rasgo de luz no teto e nas paredes terá alguma função real? É necessário e embeleza, ou faz sua casa parecer um showroom?

Forma e função tradicionalmente compõem o esteio para a arquitetura e o design. Mas a gente adora um adorno inútil, e lindo. Não há mal nisso – mas pense bem: se não for algo especial, com algum peso histórico ou artístico, será que vale a pena ser comprado e exibido? Pra quê, exatamente? Xô, bibelô!

E o painel ripado nas paredes que invadiu o mundo, do hall de entrada aos quartos, vai ser prático no dia a dia? Quem vai tirar o pó do meio deles?

E as luminárias que substituem hoje muitas vezes os lustres precisam mesmo estar ali em duos, trios, quartetos e assim por diante para dar um ar supostamente contemporâneo, assim como os graffiti indoors?

Não se trata de crítica, mas de questionamento, de pensar sobre o que estamos vivendo neste momento e nos próximos. Não é sobre uma doutrinação do minimalismo, hoje muitas vezes considerado obrigação. É sobre levar em conta aquilo em que estamos investindo, porque e para qual resultado final.

Memória afetiva, alma e aconchego são os argumentos mais requeridos quando se fala de interiores. É unânime, é o que se está usando. E não são desprezíveis, mas também não são obrigatórios.

No antiquário cheio de excentricidades da Juliana, por exemplo, encontram-se exemplares daqueles que já fizeram história de outros lares aqui, e em sua maioria fora do Brasil, e que agora podem ser acrescidos aos nossos – e ali começar sua nova história.

E se essa história toda não agradar, quem quiser que conte outra…

Sergio Zobaran

 

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