O MELHOR DOS MUNDOS

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Morando no Rio até os 48, omitia minha real origem: Santos. Em São Paulo há 17 anos, me apresento como paulista que sou.

Mas o neo sotaque mezzo paulistano / meio carioca – o que me define atualmente – incorpora os eSSes finais silabados do Sul, e ainda conserva os fortes eRRes, e a tal mistura denuncia uma falsa mineirice detectada por alguns.

Enfim, sou legitimamente um paulista criado no Rio e, ao mesmo tempo, um carioca que foi para “Sampa”, onde aprendi, sendo um novo “local”, a não chamar minha nova cidade dessa maneira. “Vivo e trabalho em SÃO PAULO”, assim por extenso, como dizem as biografias dos artistas plásticos.

No Rio, ao entrar diariamente no táxi, ainda confundo os destinos. Digo “vamos para a rua Barão de Capanema (Jardins, SP), em vez de rua Barão de Ipanema (Copacabana, RJ). E peço para que o taxista (ou motorista de táxi?) que pare logo depois do próximo “farol”, em vez de dizer “sinal”; e na guia”, e não no meio-fio.

Essa volta ao Riiio (de Janeiro, para os paulistas), por razões familiares, e que parecia temporária, me deu no entanto uma grande oportunidade: a de redescobrir com novo olhar a cidade em que fui criado, e onde tanto vivi e trabalhei muito também!

Fiquei longe dos filhos, genro, nora e neta neopaulistanos, e do neto paulistinha, e mais perto da mãe-atriz gaúcha, mas revi alguns dos bons e velhos amigos no agito das calçadas do Leblon, epicentro do badalo carioca, nas idas e vindas aos mercados, farmácias e outros lugares próximos e necessários à situação do nosso novo dia a dia.

Nestes breves passeios registrei em fotos e postei nas redes sociais aquilo que me atraía à volta, como os pequenos prédios preservados, em ato de pura admiração e surpresa, já que nunca tinha dado muita atenção a eles.

Reverenciar, agradecer e amadurecer fazem parte do viver, e a generosidade de forma geral, ampliada pela distância – leia-se saudade – faz você achar graça até das partes mais difíceis, como transpirar na rua e entrar numa loja ou galeria para “pegar um ar-condicionado”; suportar com paciência os tradicionais horários elásticos dos compromissos cariocas; ver a praia e não poder dar um mergulho no mar, como acontece agora.

Aqui (na beleza do Rio), me sinto hoje quase como lá (na eficiência de São Paulo), do ponto de vista que cada uma destas características identifica, a meu ver, as principais vantagens dos respectivos lugares em que me sinto em casa.

Ouso pensar e dizer que, à parte o lado trágico mundial do momento, política brasileira também à parte e vacina tomada (em breve, espero), quase tudo que pode parecer muito complicado na verdade não é. Que os reais valores que hoje percebemos com maior clareza, e os sentimentos que agora somos instados a controlar para não perder a cabeça e/ou a vida, podem e devem nos levar a um mundo melhor no seu todo, e não circunscrito a uma antiga rivalidade entre cidades ou a seus times de futebol – assim como entre as pessoas.

Rio e São Paulo parecem distantes, diferentes, cidades únicas – como nós, humanos. Mas se essas forças em união, quaisquer que sejam, forem percebidas e praticadas como iniciativa de um comportamento equilibrado, estaremos no melhor dos mundos.

Podemos unidos dar bom exemplo de cidadania, civilidade e educação, especialmente por parte de quem tem saúde, inclusive financeira. E é com muita consciência e respeito profundo aos demais que devemos cumprir esta nova missão que a vida nos impôs a todos, sob pressão. Apenas sendo tudo de bom que pudermos ser. Combinado?

 

Sergio Zobaran

Foto da capa: Joaquim Nabuco

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