Visitar apartamentos ou casas para compra ou aluguel residencial é sempre um aprendizado de hábitos e costumes, e até cultural — um exercício, muitas vezes agradável, de (re)conhecimento e/ou (re)descoberta da cidade em questão, sob um olhar menos superficial e passageiro, e mais objetivo e específico sobre o possível novo morar, abrindo outra fase de sua existência, revivendo memórias muitas vezes afetivas, almejando as mudanças da sua própria vida, e constatando outras tantas — internas e do mundo nem sempre conhecido, mas que está ao nosso redor.
O Rio de Janeiro tem como referência, no jargão dos corretores, algumas expressões interessantes e esclarecedoras que enquadram e definem os imóveis residenciais a partir de características locais marcantes, tais como: “vista verde” (não é preciso ser a visão da Mata Atlântica — as copas das árvores já justificam), “vista parcial mar” (vale até uma nesga…), e a essencial “vista Cristo” (a visão da monumental estátua do Cristo Redentor, no estilo Art Déco, sobre o morro do Corcovado), pontos altos de atração e apresentação dos imóveis. Tem também a “vista livre”, adequada para valorizar situações que aliviem o adensamento excessivo dos prédios, permitido por uma legislação carioca que muda, mas normalmente facilita a proximidade extrema das construções — ou seja, você pode dar de cara com a empena do prédio em frente a dois metros da sua janela.
A demonstração primeira através de fotos e vídeos, altamente facilitada através das redes sociais — sim, elas descobrem o interesse através de sua retina, e enviam novas ofertas de imóveis incessantemente para você — se completa com as visitas presenciais que, na minha experiência, aplacam o interesse voyeurístico de entrar nas casas alheias, muitas ainda habitadas, com suas histórias e pessoas. E quando há uma quedinha pelas construções antigas, nos deparamos com “varandas cobertas” (o antigo jardim de inverno), e os “gardens” (denominação hoje genérica para apartamentos com áreas externas, mesmo tímidas, de unidades térrea — mas também tem antigos e novos “gardens” muito justamente assim denominados). Voltando: aí a imaginação corre solta, e você tenta se ver naquele novo espaço, ali alocando na imaginação ou na planta — se conseguir uma, para seu arquiteto ou interior designer trabalhar — seus móveis, desejos e ideias.
Minha sugestão para o ponto de partida desta procura é: uma triagem com no máximo dois ou três corretores autônomos (para não ficar enlouquecido), uma listagem e avaliação prévia dos lugares preferidos, a visita virtual através de fotos e vídeos; e aquela outra presencial (lembre-se que irá morar lá!), somente aos imóveis que possam recebê-lo de imediato e, de preferência, acompanhado apenas do profissional, sem a presença/interferência dos proprietários, o que pode causar constrangimentos absolutamente desnecessários — afinal, você está ali para construir a sua história no novo endereço, e não para reconstituir o passado de outras pessoas…
Estas recomendações são válidas para todos os cidadãos normais. Mas para um jornalista que, entre pautas de matérias de outros assuntos, insiste em ter predileção pelo tema, e passa a vida toda visitando casas e prédios — além de lojas, galpões, espaços de forma geral, em busca de histórias que possa traduzir em textos, como no meu caso, esse é um programa e tanto! Pretenda que dessa vez seja o seu também, para tornar sua tarefa mais fácil, lúdica e prazerosa.
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