A ressignificação atual das casas, em função da necessidade de seus novos multiusos, apela por ambientes simplificados, organizados e, portanto, mais limpos e práticos para uma convivência às vezes complexa, por diversos motivos, quase em tempo integral. Um verdadeiro aprendizado.
Mas será que a total reinvenção obrigatória e contemporânea – que também atinge o lar – e que está sendo proposta, ou mesmo socialmente imposta, é indispensável para todos, e se traduz em verdade absoluta para o mundo inteiro fazer uso dela?
Teria a recém-criada ‘memória afetiva’ ficado precocemente obsoleta e deveria ser eliminada junto com nossos cacarecos, os porta-retratos fora de moda, as coleções de revistas, os livros nas prateleiras e sobre as mesas, os discos e CDs nas estantes milimetricamente projetadas para recebê-los por tantos anos?
A bagunça visual e real anterior, cuja eliminação vem sendo apregoada como grande solução para amainar nossas mentes conturbadas, deprimidas ou, minimamente, assustadas por um mal invisível, tem que ser um item do passado? Ou podem até ajudar na criatividade dos mais antenados?
SIM para os adeptos conquistados há poucos anos do estilo-quase-seita do wabi-sabi de origem japonesa que se traduz em jeito natural e zen de ser e viver; e NÃO para os seguidores do estilo escandinavo hygge na conquista do bem-estar através do conforto e do queridíssimo aconchego.
Enquanto pensamos e agimos, às vezes intempestivamente no sentido da tal reinvenção compulsória, sugiro que utilizemos o bom senso para fazer aquilo que realmente se gosta, se quer e que de verdade se traduza em diferença positiva e agregadora para o jeito de ser e viver de cada um de nós.
Se algum dado de realidade emergencial nos impulsionar para tal ou qual tomada de atitude, que saibamos enfrentá-lo com galhardia e coragem. Se não for bem esse o caso, quem sabe essas transformações não possam ser absorvidas como um jogo cujas regras ainda não conhecemos?
Afinal, quem nesta vida não aprende a jogar?
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1 comments
Por mais que me encante a praticidade da vida, não conseguiria viver sem as minhas memórias -objetos. Preciso delas para me situar nos tempos atuais.