Queluz, Portugal – December 9, 2017: Antique wooden writing desk Inside of rich decorated Queluz Royal Palace. Formerly used as the Summer residence by the Portuguese royal family.

A casa em histórias – A sala de estar

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Atualmente entendemos que a nossa casa é o lugar em que contamos a nossa história, onde nos conectamos com o que somos verdadeiramente e que cada ambiente é pensado considerando não a apenas as suas funções, mas também a relação que cada usuário tem com estes espaços.

No entanto, os espaços ou ambientes como conhecemos hoje são frutos de um processo que se deu e foi se ajustando ao longo da história.

Neste artigo vou tratar de um espaço comum em qualquer residência, o espaço onde promovemos encontros, recebemos as pessoas, ou seja, podemos considerar como um dos primeiros ambientes destinados exclusivamente a convivência, a sala de estar.

Living claro, com sofá cinza claro, mesinhas redondas com mesa de centro.
Projeto Brise Arquitetura

Mas não consigo falar da Sala de Estar sem voltar no tempo, e falar da casa da antiguidade clássica. Até porque nossa referência é a cultura da Europa Ocidental.

Casa em Pompéia, A casa em histórias – A sala de estar
Casa em Pompéia / Foto: Katia Souza

Neste caso, o lugar que nos ajuda a entender a nossa história é a casa romana, mais especificamente a casa pompeiana. Nesta imagem, que é a ruína da casa de uma família abastada, a Sala de Estar, como entendemos hoje, não existe.

O que podemos chamar de um lugar de socialização é formado por um conjunto de cômodos dispostos em eixo a partir da entrada formado pelo fauces, atrium e tablinum, respectivamente o acesso, o pátio central e uma espécie de gabinete ou escritório onde o dono da casa recebia pessoas para negociar. Eram, portanto, espaços sociais que deveriam ser suntuosamente decorados para refletir a posição social do proprietário.

Bem, a sala de estar como conhecemos hoje só surgiu entre os séculos XVII e XVIII.

A Sala na Idade Média – Fonte: Abobe Stock
A Sala na Idade Média / Fonte: Abobe Stock

Depois da antiguidade clássica entramos no período da Idade Média e nesta época por questões sociais e religiosas, os espaços domésticos eram bastante simples. Praticamente em um único cômodo se realizavam todas as funções, dormir, comer, cozinhar etc.

O termo para designar o espaço de viver só apareceu em 1690 quando Augustin Charles d’Aviler usou a expressão “living” ou “living room” (sala de viver ou sala de estar) em seu Curso de Arquitetura. Isso coincide com a época em que Reis e nobres europeus começaram a buscar por espaços mais privativos em seus palácios e castelos.

A casa em histórias – A sala de estar. Sala no Palácio Queluz. Decoração com luxo, lustre de cristais no centro do ambiente, paredes forradas em tecido
Sala no Palácio de Queluz / Fonte: Adobe Stock

Luxo, ostentação X privacidade nortearam a formação dos espaços da casa, os mais luxuosos e decorados eram os ambientes voltados para as festas, recepções, jantares e encontros com visitantes de um modo geral. Isso remonta ao século ao século XVII quando Versailles se tornou a grande inspiração para a famílias mais abastadas. Todo esse olhar para a casa, com uma nova distribuição dos espaços, coincide com o período em que a arquitetura e a engenharia começaram a organizar seus cursos com a publicação de manuais que orientavam as novas funções da casa.

A partir do século XVIII a arquitetura do conforto começou a pensar em espaços mais privativos. Ainda foram mantidos os cômodos para ostentar, receber e exibir, mas novos ambientes exclusivos para a convivência privada e com maior conforto passaram a ser objeto de desejo das classes mais abastadas.

Capa do Manual de Percier e Fonteine, século XVIII
Capa do Manual de Percier e Fonteine, século XVIII / Fonte: Katia Souza

O manual de Percier e Fontaine, os principais arquitetos da corte francesa na passagem do século XVIII para o XIX, é um dos exemplos de como os padrões decorativos elaborados por eles influenciou toda uma geração de arquitetos e decoradores contribuindo para a difusão do Neoclássico pelo mundo. Vemos então que a partir do século XIX o olhar para a casa e especialmente para os espaços de convívio passaram a ser tratados com mais cuidado e atenção por seus habitantes.

Gabinete Palácio de Queluz – Portugal
Gabinete Palácio de Queluz – Portugal / Fonte: Abobe Stock

Foram criadas novas salas para usos específicos, ambientes em que os moradores recebiam pessoas mais íntimas podendo ser menos cerimoniosos entre amigos e familiares, para estes espaços mais íntimos o conforto era o foco principal.

Living com mesa de sala de jantar preta ao lado, boiserie na parede atrás do sofá.
Projeto UP3 Arquitetura

As nossas casas de hoje, na sua maioria, só têm uma sala conhecida como Sala de Estar. Ela é fruto da união entre os espaços para exibir, com seus melhores móveis versus cadeiras e sofás confortáveis, ou seja, mantivemos um pouco de cada era.

Era da Suntuosidade que deseja mostrar e encantar o visitante + Era do Conforto que traz a comodidade e o bem-estar.

 

Somos três historiadores da arte e arquitetos – Lourdes Luz, Kátia Souza e João Torres – que criamos o canal Arte IN FORMA por sermos entusiastas em arte, história e cultura. Acreditamos que isso pode informar, formar e transformar a todos.

Arte IN FORMA 

Lourdes Luz, Kátia Souza e João Torres

 

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Tag: casa

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