CASA TUDO

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Nem tudo era casa. Nas cidades brasileiras havia sobrados, casarões e até palácios. No século 20 já existiam os apartamentos também. Do jeito que cada um queria ou podia ter, como hoje. As casas abastadas tinham a fachada que refletia  a cara dos donos. Cheias de estilo/s, e dos mais variados, conforme a época e o momento político, como o Colonial mais simples e o Império mais rebuscado. E depois vieram o Eclético, o Neo-clássico, e o Art Déco. E em seguida: Moderno e Neo-Colonial, e o atual – e ainda não ultrapassado – estilo Contemporâneo…

Independentemente de fachadas e volumetrias com impacto externo, os interiores das casas no passado sempre foram a concretização e a demonstração de um modo de vida, nada mais natural. Mas que não tinham – e requeriam – um olhar tão profissional quanto aquele sobre a arquitetura no todo. Com ambientes produzidos a partir do gosto dos proprietários, ou mesmo de seus marceneiros – que em geral determinavam e criavam quase tudo, das luminárias aos móveis. Até que surgissem, também no Brasil, os decoradores, ali em meados dos anos 1950.

Disseminado o “décor”, hoje classificado no Brasil oficialmente como design de interiores, existe a possibilidade da orientação de um bom profissional do setor para se obter funcionalidade, harmonia e a melhor estética. E é o que queremos, não? OK, podemos nos informar e inspirar nas vitrines das lojas do setor, e em seus “showrooms”. Nas mostras de decoração, nas feiras da área e na mídia especializada, virtual ou impressa. Mas nada como um olhar humano e profissional que ajude a organizar o nosso… para que não aconteçam equívocos.

MAS QUAIS?
O modelo de decoração mais utilizado/copiado e criticado até agora era a casa com cara de loja: a famosa “casa-showroom”. Condenável pelos bons arquitetos, tende a refletir o clima de vitrine impecável, com tudo em seu lugar, e uma produção intocável que traz alguns itens indispensáveis na sua composição, como os sofás grandes, a iluminação em fios de led, e um resultado rígido e nada natural, apesar do esforço de tentar sê-lo. Para quem busca mais um show do que um ambiente de verdade.
A “casa-galeria” vem a seguir como uma espécie de acúmulo pretensiosamente conceitual de um grupo maior que o normal de obras de arte em uma residência. Seus usuários-moradores talvez queiram parecer colecionadores a exalar intelectualidade, cultura e fortuna, enquanto amigos extasiados circulam entre telas, esculturas e etc., como instalações e ocupações… Mas vale lembrar que a galeria posiciona a obra a fim de destacá-la em uma exposição, visando um bom ponto de vista e sua eventual venda – o que definitivamente não é o caso de um lar. Ou seja: relaxe, pois o fato de uma casa parecer uma galeria não chega a ser um elogio – mas talvez apenas um equívoco.

Já a “casa-museu” parece não ter erro: esta é a casa do momento, ou até para sempre. Uma categoria exaltada por quem não apenas fala de tendências, mas também as cria, como as revistas Casa Vogue – que aliás comemora em novembro seus 50 anos -, e esta Conexão Décor – que, antenada, criou este título oito anos atrás. Às duas revistas me rendi, pois ambas, com as quais colaboro com textos há muitos anos (17 e 5, respectivamente), utilizam atualmente esta mesma definição para  classificar alguns dos melhores imóveis que visitam.  Por exemplo, Casa Vogue assim nomeou o imenso apartamento do colecionador Charles Cosac, no bairro de Higienópolis, em São Paulo. E a nossa Conexão Décor, ao entrar em cada endereço, relembra: “a casa é o museu de cada um de nós!”. E não é isso mesmo?

Sergio Zobaran

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Tag: casa, estilo, Art Déco

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