Quando o assunto é o décor, fala-se muito, atualmente, sobre a “memória afetiva” na casa: antiga, recente ou nascente. Desde a da construção, quando ela permite aflorar esse lado sentimental em sua arquitetura e interiores, ou em outros itens igualmente importantes, como do próprio mobiliário, objetos e da arte que possam ali já existir e resistir, ou serem acrescentados. Pejorativamente, tendemos a considerar que o resultado da acumulação, ou da simples manutenção de determinados elementos no imóvel, podem deixá-lo com uma cara de “casa de colecionador” ou de “casa da vovó”. Mas, contemporaneamente, a aquisição ou permanência de peças a mais, e/ou resquícios de outras épocas anteriores, os quais entregam a presença explícita de um presente recheado ou um passado bem vivido, vêm sendo novamente valorizados.
Está certo que a pandemia trouxe à tona determinadas memórias ou sensações, e nos deu a chance e o tempo suficientes para se refletir e repensar sobre o quanto se deve literalmente guardar — ou não — estas vivências e reminiscências vividas e revolvidas por quase todos — e muitas vezes transformadas em fartas doações, ou em lixo tantas vezes reciclável. E, ainda dá o que pensar sobre o quanto podemos e devemos nos dedicar a uma arqueologia mental saudável e amorosa, o que muitas vezes possibilita as propaladas reutilização e ressignificação de quase tudo, inclusive da vida de cada um de nós.
Em resumo, o que aconteceu: chegamos em um ponto ideal em que, na casa da gente, do jeito que ela seja, vale tudo aquilo que for bom e coerente para nós. Um lugar em que estes “novos” conceitos estejam definitivamente integrados. O mundo atual requer diversidade e liberdade de expressão — e até os profissionais da área absorveram isso com a naturalidade e a liberdade que os moradores de uma casa sempre tiveram ao ocupar seus lares do jeito que querem, nem sempre buscando a mistura do clássico com o moderno, e o tradicional preceito do “conforto e aconchego”, mas trazendo para a casa aquilo que se quer e se gosta. Viva este velho mundo novo: sustentável e tecnológico, novidadeiro como deve ser, progressivo e cheio de memória afetiva.
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