Depois de nos apresentarmos por meio de nossa paixão por Portugal, escolhemos o século XIX para “contar mais histórias”.
Particularmente, gostamos de saber da vida e do comportamento dos artistas, pois nos ajuda a apresentar narrativas. Encontramos, então, na obra de Sebastian Smee, que escreveu o livro A Arte da Rivalidade – quatro amizades que mudaram a Arte Moderna. Como, neste espaço, vamos “conversar” sobre o século XIX, escolhemos Manet x Degas.
O embate ocorreu a partir do quadro que Degas pintou de Manet e o presenteou, no final de 1868.
Quem é Édouard Manet, afora ser o autor de Almoço na Relva, que despertou fúria e escandalizou?
Era o filho mais velho de um casal respeitável da burguesia francesa, um dândi, apaixonado pelas tensões da cidade. De um lado possuía uma personalidade austera, por outro, era um galanteador. Aos 19 anos, engravidou a professora de piano Suzanne Lenhoff, nascendo Leon, que nunca foi assumido como filho, e a família Manet tratou de esconder muito bem esta situação.
Quando o pai de Édouard Manet faleceu, ele se casou com Suzanne, e Leon, nessa altura, tinha 11 anos.
Que história!
Manet queria ser um pintor da vida moderna e em paralelo, ansiava por reconhecimento, que viria através dos Salões – onde não era aceito.
Por quê? Podemos dizer que um dos motivos era o modo como atualizava temas antigos com personagens contemporâneas, desmascarando uma mitologia idealizada, e técnicas de pintura bastante distintas das empregadas até então, principalmente no que diz respeito à perspectiva.
E quem é Edgar Degas para além das bailarinas?
O mais velho de cinco irmãos de uma família abastada, foi educado na melhor escola de Paris, e viveu uma vida dedicada à arte, um solitário no meio da multidão. Apaixonou-se pelo espetáculo da Cidade, tornou-se um veterano de estreias, um “flaneur”, um homem dos cafés.
Degas tinha grande admiração por Manet, que conheceu no Louvre, e foram ficando amigos.
Como artista, fazia parte do grupo dos Impressionistas (apesar das diferenças), possuía um encantamento pelo balé e pelo movimento das bailarinas, sempre em busca de ângulos não convencionais. Sua preocupação era provocar ilusão de deslocamento em um espaço concreto.
Retomamos o embate: Depois de terminar a tela de Manet com Suzanne, Degas deu a obra, ao então amigo, Manet. Passado um tempo, Degas, em uma visita a Manet, viu que o quadro fora destruído com uma lâmina, justamente no rosto de Suzanne, cujo culpado foi o próprio Manet.
Degas, injuriado, pegou o quadro de volta, chegou a dizer que faria a restauração, mas isto jamais ocorreu, e o quadro, atualmente, encontra-se no museu de arte moderna na ilha de Kyushu, no sul do Japão.
A gente se pergunta o que teria acontecido para que Manet tomasse essa atitude violenta? O final da história fica por conta de nossa imaginação, o que sabemos é que, depois desse acontecimento, nunca mais os dois artistas se falaram.
Lourdes Luz
*clique aqui para ler o post de apresentação
Lourdes Luz / Katia Souza / João Torres
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Tag: histórias
