Um dos lugares mais fascinantes para se conhecer na Europa é Lisboa. Além de linda, ela se parece com as nossas antigas cidades e bairros brasileiros preservados. É uma espécie de volta ao tempo, e também um retorno à uma parte de nossa origem. Sentimo-nos em casa. Identificamo-nos.
Conhecer monumentos como a Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos e o Castelo de São Jorge são paradas obrigatórias para os marinheiros de primeira viagem à terrinha (e nada impede de repeti-las quando retornar, pois sim, Lisboa deve voltar sempre).
Mas hoje, a Revista Conexão Décor vai apresentar uma Lisboa escondida, pouco conhecida, misteriosa e insólita pela maioria dos turistas. Vamos apresentar alguns lugares pouco visitados ou até bastante conhecidos, mas que passa por despercebidos aos olhos dos transeuntes, focando história, arte e arqueologia: a começar pela origem do nome “Lisboa”.
Os nomes de Lisboa:
Quando os romanos conquistaram a região que hoje conhecemos como Portugal, a partir do século II a.C, Lisboa era conhecida como Olisipo. Portanto, ao caminhar hoje em dia pelo bairro do Chiado, não estranhe quando encontrar uma livraria com um nome nada comum.
Após a crise do grande Império Romano, os visigodos ocuparam Olisipo e a chamaram de Aschbouna.
E quando foi dominada pelos árabes por cinco séculos a partir do ano de 714, a cidade chamava-se Al-Uxbuna ou Lixbuna.
São Vicente: o padroeiro da cidade
Quem conhece Lisboa já deve ter reparado que ao andar pelos bairros históricos, quase todas as luminárias das ruas têm uma escultura de ferro fundido de 2 pássaros e 1 embarcação. É a insígnia da cidade.
Conta-se a “lenda” que ao reconquistar Lisboa dos mouros em 1147, D. Afonso Henriques (primeiro rei de Portugal) trouxe os restos mortais de São Vicente (o verdadeiro padroeiro de Lisboa – Santo Antonio é o padroeiro popular, digamos assim) de Algarve para Lisboa de barco. Durante a navegação, a relíquia fora acompanhada por 2 corvos como sentinelas voadoras. Por isso, no miradouro de Santa Luzia, em Alfama, também se encontra a escultura de São Vicente segurando uma nau com 2 pássaros.
A Muralha de Alfama:
Aliás…Alfama é uma parada obrigatória para explorar, pois é o bairro mais antigo da cidade. Suas ruelas estreitas e labirínticas do alto da colina escondem a tradição e a essência cultural de Lisboa. Lá, a história viu erguerem muralhas para proteção da antiga cidadela. Ao percorrer pelo bairro, poderá trombar inesperadamente com uma torre que fazia parte da “cerca velha”. Trata-se da Torre de São Pedro: um baluarte – possivelmente do século XIII – com a função militar para defender uma fonte d’água que ali existia. Se havia um desejo de proteção daquela fonte, é porque a água era vital para aqueles antigos moradores.
Não à toa que o bairro Alfama ganhou este nome de origem árabe que significa a derivação para “banhos”, ou “águas potáveis”, ou ainda “águas medicinais”.
A Muralha de D. Dinis:
No reinado do D. Dinis (de 1279 até 1325) – importante monarca que fez de Lisboa um grande polo cultural a nível europeu e, assim, expandiu a cidade do alto para a conhecida Baixa – foi construída uma outra muralha, a partir de 1294, para defesa da região ribeirinha de ataques piratas. Com essa nova estratégia de proteção, ancoradouros, estaleiros e uma nova camada social surgiram na Ribeira.
Hoje essa muralha não está a céu aberto, pois a cidade cresceu e a soterrou, mas se entrar no Museu do Dinheiro (prédio da Sede do Banco de Portugal), cuja arquitetura neoclássica é da antiga igreja de São Julião, poderá percorrer o subterrâneo e encontrar os achados arqueológicos de mais de 700 anos.
Comércio Humano:
E logo em frente está a Praça do Município, um belo espaço quadrangular com arquiteturas sóbrias onde se localiza a Câmara Municipal. Mas não se engane pela beleza do local!!! Ali, no final dos 1480 acontecia a feira de escravos; da mesma maneira que nas proximidades da Praça XV, no Rio de Janeiro, também existia este tipo de comércio. São marcas das cicatrizes das nossas histórias insólitas.
Sobre o Viajante:
João Torres – professor de História da Arte e nas horas vagas (que não existem) sou arquiteto. Com muito orgulho em ter criado o projeto Arte IN FORMA junto com a dupla de colegas-amigas Katia Souza e Lourdes Luz. Somos um trio entusiastas em arte e cultura.
Para mim, viajar é estar aberto para ser transformado. Isso significa conhecer e experimentar novas histórias, novos olhares e sabores para temperar com mais alegria as cores da vida. E Lisboa fez/faz parte dessa minha paleta colorida.
Lourdes Luz / Katia Souza / João Torres
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