FOFURA NA PANDEMIA

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Dizem que nossa vida vai mudar depois. Mas quando, e depois do que? Já vivemos um novo tempo. Nossa rotina mudou definitivamente.

Vivemos em casa, ainda que o mundo já tenha sido flexibilizado em muitos países, e muitos tenham ganhado a rua. E nós, brasileiros, que sempre damos um jeitinho e levamos vantagem em tudo (certo?), também estamos surfando esta onda. A da flexibilização, que rima com higienização, com reinvenção e até com os tais protocolos – que antes eram típicos do poder e das realezas, e que agora são praticados por todos nós, reles mortais.

Aprendemos a desapegar, a doar, a praticar a solidariedade e a generosidade, e sermos fofos com todo o mundo: cumprimentamos o porteiro com um sorriso nunca antes praticado (“tudo bem, meu?” ou “valeu, merrmão”), perguntamos à diarista se o metrô estava cheio e a despachamos mais cedo “para a proteção dela e a nossa também!”. Um mundo mais democrático em função da ameaça coletiva.

Aprendemos para sempre como ressignificar a casa e a criar um home office prontinho para a próxima “live”, com direito a livros no fundo que ainda não passamos adiante e um tripé com halo de luz na frente.

Achei, ingenuamente talvez, que a bancada preta da cozinha nova e os focos dos spots moderninhos e duas gotas de perfume bastariam… mas não! Os nossos interlocutores aparecem lindos na nossa frente, sem óculos e sem os indefectíveis reflexos.

E quando a internet cai? Que vexame…

Depois, como Cinderela, voltamos à rotina já cantada aqui em verso e prosa aos nossos novos equipamentos domésticos de limpeza.

De novo, até quando tudo isso? Até quando continuaremos pensando num futuro diferente – e será tão diverso assim? Pensamos, quando dá tempo (e até mesmo essa noção de sua passagem mudou), que nossa missão está cumprida, que fizemos tudo o que devíamos, e estamos cansados de ser politicamente corretos, não?

Pensemos juntos: mesmo exaustos e muitas vezes feridos por perdas inestimáveis, entendemos que o dever está cumprido e que já podemos voltar ao normal.

Que o nosso normal seja o equilíbrio. Que fiquem as boas intenções, que as diferenças sejam menores, que o mundo possa ser melhor depois dessa paulada.

E que venha logo a vacina. E que essa picada seja o fim de um processo inexorável do repensar não só a casa, para quem a tem, mas no processo de aprendizado que estamos sendo forçados a aprender juntos.

E que isso tudo sirva de uma bela, mas difícil lição. OK?

 

Sergio Zobaran

 

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