Depois de um longo e tenebroso momento de abandono e descaracterização, recentemente, o Rio de Janeiro foi presenteado com a reabertura de um dos principais monumentos arquitetônicos no que diz respeito à formação da cidade: o Convento do Carmo.
![Convento do Carmo no Rio de Janeiro é o mais novo monumento histórico restaurado.](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Convento-do-Carmo.-Rio-de-Janeiro-scaled-e1661190361548.jpg)
![Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé.](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Igreja-Nossa-Senhora-do-Carmo.jpg)
![Chafariz da Pirâmide (1789) projeto do Mestre Valentim.](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Chafariz-na-Piramide-no-Rio-de-Janeiro-scaled.jpg)
Localizado em frente à Praça XV, o convento foi determinante para a existência desta praça pública, que por muitos séculos, foi o coração da cidade colonial carioca. Além do convento, a praça é abraçada pelas Igrejas do Carmo das Ordens Primeira e Terceira, pelo histórico e imponente Paço Imperial, pelo tímido Arco do Teles (pequeno hoje, mas no passado, o prédio já foi monumental), e pelo mais importante chafariz do Rio antigo.
Dessa vez, a Revista Conexão Décor vai levar o leitor em uma viagem de séculos na história da cidade para contar como tudo começou.
O Início de Tudo:
Depois da batalha vitoriosa contra os franceses e os tamoios, os portugueses saíram da Urca, onde fundaram a cidade, para o topo de um morro localizado no interior da Baia de Guanabara, em 1567.
![Paço Imperial](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Paco-Imperial-scaled.jpg)
Batizaram a colina primeiramente de Morro do Descanso (afinal, merecido depois de tanta luta), mas logo depois virou Morro de São Sebastião porque foi exatamente no dia daquele santo – 20 de janeiro – que a vitória foi bem sucedida (por isso, São Sebastião é o padroeiro do Rio de Janeiro). Mas seguindo a fama de que o bom carioca é “descolado”, ele foi logo apelidando o Morro de São Sebastião de Morro do Castelo, pois lá foi construída uma fortaleza que se parecia com um castelinho. E assim ficou para sempre!
![A colina à frente era o Morro do Castelo. Hoje, ele foi totalmente demolido. Fotografia: Marc Ferrez Coleção Instituto Moreira Salles](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Marc-Ferrez.jpg)
As primeiras construções sólidas civis, religiosas e militar foram erguidas ali. Mas viver no alto de um morro não era fácil. Por isso, os habitantes começaram a descer e ocupar paulatinamente as proximidades do sopé do monte, a partir de concessões (distribuições de terras). E assim ergueram uma pequenina ermida chamada Capela de Nossa Senhora do Ó, na década de 1580, em frente ao mar.
Em 1590, os frades carmelitas chegaram ao Rio e ganharam aquela capela para se instalarem, e declaram que vieram para construir um convento, mas que dependeriam de doações e esmolas da população. Conseguiram, portanto, numerosas e extensas terras nas proximidades, inclusive as terras que o mar, ao recuar a partir de pequenos aterros, revelava. E foi assim que os frades ficaram donos de um vasto território, já no início do século XVII.
O Convento do Carmo e a Praça XV:
Uma vez que já eram proprietários de muitas terras, começaram a construir finalmente o Convento do Carmo, a partir de 1619, com as pedras retiradas da Ilha das Enxadas, na Baia de Guanabara.
![Convento do Carmo](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Chafariz-na-Piramide-no-Rio-de-Janeiro.-02-scaled.jpg)
Além do convento, os carmelitas também ergueram pequenas casas no terreno da frente, onde hoje é o Paço Imperial. Mas a Câmara comprou esse terreno dos frades, não se sabe quando, com a condição de usá-la como praça pública para a instalação do temível e torturante polé, o local de castigos. Por isso, aquele espaço urbano ficou conhecido como Terreiro do Polé (foi um dos primeiros nomes da Praça XV).
![“Castigo de Escravos que se Pratica nas Praças Públicas” (1826) Artista: Jean-Baptiste Debret Museu Castro Maya, Rio de Janeiro](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Debret-scaled.jpg)
Mas, precisamente em 1683, a fim de ganhar vantagens, foi decretada pela própria Câmara a permissão da venda em lotes do Terreiro, para conhecidos e parentes próximos dos vereadores. Essas negociatas em benefício próprio seriam uma mera coincidência com os nossos atuais políticos? A história está ai para nos elucidar.
A fim de impedir que sua vista para o horizonte fosse bloqueada com construções e que a brisa fresca do mar fosse desviada, os Carmelitas, indignados com o decreto, protestaram e apelaram para a Coroa Portuguesa. Os frades venceram! Em 1686, foi determinada que nenhuma construção fosse erguida no terreiro em frente ao convento, preservando, assim, a praça pública.
![Panorama geral da Praça XV pelo olhar de Jean-Baptiste Debret (século XIX). Ao fundo, o Convento do Carmo.](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Praca-XV-antiga-scaled.jpg)
O jeito astuto, ardiloso, briguento e “barraqueiro” dos carmelitas fez a futura Praça XV nascer. Essas características da personalidade daqueles frades não serão justificadas aqui agora, mas quem sabe não podem virar tema de um novo episódio da Revista Conexão Décor?!
![João Torres e Lourdes Luz](https://conexaodecor.com/wp-content/uploads/2022/08/Joao-Torres-e-Lourdes-Luz-no-Arco-do-Telles-Rio-de-janeiro.jpg)
Até lá, a recomendação é visitar o restaurado Convento do Carmo, porque hoje é um lindo Centro Cultural da Procuradoria Geral do Estado.
Somos três historiadores da arte e arquitetos – Lourdes Luz, Kátia Souza e João Torres – que criamos o canal Arte IN FORMA por sermos entusiastas em arte, história e cultura. Acreditamos que isso pode informar, formar e transformar a todos.
Lourdes Luz, Kátia Souza e João Torres
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