A Condição Feminina na arte e no design – século XIX – Movimento Arts & Crafts

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Você sabe o que foi o ARTS & CRAFTS ?

Originado na Inglaterra no final do século XIX, o Arts & Crafts foi um movimento internacional de design que se estendeu até o início do século XX. Surgiu como uma reação à industrialização e produção em massa, características da era vitoriana, promovendo um retorno ao artesanato e às técnicas tradicionais. Buscava também, apagar a distinção entre belas-artes (pintura e escultura) e artes aplicadas (design de móveis e têxteis) e teve uma influência profunda em vários aspectos do design e da arquitetura. Abriu caminho para movimentos subsequentes, como o Art Nouveau e o Modernismo. O Arts & Crafts também impactou significativamente a reforma social, defendendo melhores condições de trabalho e o valor de um trabalho criativo.

Capa do “Guia Prático de Artes e Ofícios”
 Movimento Arts & Crafts, na Inglaterra
Padronagens de tapetes, papel de parede e encardenações
Interiores sob a influência do Arts & Crafts
Interiores sob a influência do Arts & Crafts

Propondo uma reflexão sobre o universo feminino, vamos focar na atuação das mulheres neste movimento tão disruptivo para a época:

Em meados da década de 1880, muitas mulheres já estavam envolvidas numa série de campos do artesanato e do design. O surgimento do Arts & Crafts  oferecia formação prática e muitas vezes inacessível ao público feminino. Havia um mercado em expansão para as artistas já formadas e a possibilidade de trabalho remunerado realizado em domicílio, para mulheres com compromissos familiares ou cujo estatuto social não lhes permitia trabalhar fora de casa.

A Condição Feminina na arte e no design - século XIX Movimento Arts & Crafts, na Inglaterra
Duas tecelãs de tapete / Imagem: Slides Share
A Condição Feminina na arte e no design - século XIX  Movimento Arts & Crafts, na Inglaterra
Capa do livro: Women artists of the arts and crafts movement, 1870-1914

No entanto, se por um lado, o movimento oferecia muitas vantagens, por outro, manteve as divisões de classe, sexuais e laborais inerentes à sociedade vitoriana tardia. O artesanato que o público feminino empreendeu era uma extensão das realizações e passatempos das mulheres vitorianas da classe média. Embora a escultura em madeira pudesse, à primeira vista, parecer uma exceção, o trabalho era muitas vezes de pequena escala e delicado, exigindo pouca força, o que era considerado característico da condição física da mulher à época. Bordados e rendas eram ofícios tradicionalmente daquele público. Encadernação, joias e trabalhos em metal (que exigiam trabalhos minuciosamente detalhados) também foram rapidamente adotados como atividades femininas aceitáveis.

Todavia, verificamos que as mulheres foram excluídas da formação e prática arquitetônica e de profissões afins. Poucas se tornavam operárias em ferro forjado, pedreira ou estucadora. A fabricação de móveis e a impressão fina também eram esferas exclusivamente masculinas.

Mrs Pepper gerente da industria de linho Langdale / Foto: Art Journal 1897
Duas mulheres tecendo o tapete “Hammersmith” de William Morris na fábrica de Merton Abbey / Foto: Art Journal Easter Annual (1899)
Duas mulheres tecendo o tapete “Hammersmith” de William Morris na fábrica de Merton Abbey / Foto: Art Journal Easter Annual (1899)
Duas mulheres tecendo o tapete “Hammersmith” de William Morris na fábrica de Merton Abbey / Foto: Art Journal Easter Annual (1899)
A designer têxtil e empresária Annie Garnett em sua roda de fiar em Windermere em 1904 / Crédito: Lakeland Arts
A designer têxtil e empresária Annie Garnett, e uma ajudante, na sala do tear em sua casa em Windermere.

Interessante ressaltar que o movimento Arts & Crafts era não somente vanguardista como transgressor, porém continuou a alienar as mulheres, tentando conciliar os ideais opostos de “senhora” e “trabalho”, “mulher” e “artista”, privado e público.

Diante dessa reflexão histórica com base no movimento, acreditamos que essas categorias necessitam ser revisitadas continuamente, tanto no passado como no presente. É por meio dessas categorias ideologicamente carregadas de demarcações, que o potencial criativo feminino permaneceu (e por vezes permanece) limitado e contido, na esfera do universo masculino.

Autores: Lourdes Luz e Virginia Palmerston

Fonte: SCHAEFER, M. Divisão sexual do trabalho no movimento Arts and Crafts

Artigo do blog Teoria do Design

 

Matérias anteriores:

1- Mulheres na Arte – Berthe Morisot 

2 – Mulheres na Arte – Artemia Gentileschi

3 – Mulhreres na Arte – Académie Julian

Arte EM FORMA 

Lourdes Luz / Katia Souza / João Torres

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Tag: Arts & Crafts

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