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ESTILO: TER OU NÃO TER

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Eis a questão!  Estou há um tempão para escrever sobre o estilo, mas tinha dúvidas, questionamentos próprios, e não me arrisquei. Assunto abordado constantemente pelas revistas do setor décor — um jornalismo ainda de respeito ao redor do mundo, o Brasil incluído, com textos tão bons que muitas vezes parecem saídos de ótimos livros —, o estilo é sempre um item discutível.

Mas afinal, ele é inato em nós ou se constrói ao longo da vida? Temos que tê-lo, necessariamente, elaborado e embutido em nosso interior, ou podemos absorvê-lo a partir de nossas experiências de vida, ou até adquiri-lo? O estilo muda com o passar do tempo ou é algo a ser mantido como um bastião?

Não sei, e acho que não: essas regras um tanto mandatárias parecem mais adequadas para serem discutidas quando se fala em elegância e gosto, itens inerentes ao tema, porém menos pretensiosos e mais práticos e individualizáveis do que o estilo em si, algo que chega organizado e se instala por longos períodos — anos, décadas ou séculos.

O estilo na nossa área arq/design é um senhor / uma senhora de respeito, criado e assinado por diversos especialistas, tais como os artistas, arquitetos, designers, diretores de arte, produtores e curadores, por pesquisadores e estudiosos que lhes dão um corpo, uma existência, um nome. Trazendo para a atualidade e à objetividade e também à praticidade dos dias que correm, faço aqui considerações sobre um arrazoado de coisas que consideramos importantes, e nos fazem refletir.

No estilo implantado em interiores urbanos atuais, assunto inerente à Conexão Décor, os tempos pós-pandêmicos e com mudanças de comportamento nos atingem como uma flecha: mudamos muita coisa, da complexidade à facilidade, da ordem geral à individualidade, da estética por si só à sua precisa adaptação aos novos momentos que se impõem.

Voltando às revistas e livros — impressos, de preferência, para uma consulta recorrente mais demorada e estudada — algo que me parece uma base com pontos de vista importantes per omnia saecula saeculorum, noto algumas importantes alterações, que traduzem desde um novo olhar até um novo sentar; da utilização mais duradoura e intensa da casa em tempos de refúgio muitas vezes indispensável, incluindo o desejo intimista que aprendemos a ter em função de mudanças que vão desde as climáticas até a infelicidade da violência urbana instituída mundo afora.

Que possamos viver mais à vontade, pelo menos dentro de casa, e com muito estilo próprio, e/ou junto com o do profissional contratado para alinhar nossos desejos com tudo o que ele sabe, de preferência com o bom gosto e a elegância de todos. E que isso se traduza em conforto, trazendo melhorias para o corpo, a mente e a alma.

Sugiro nos projetos a aplicação da total liberdade de ação e pensamento (em nome da saúde mental), retomar a harmonia (ela nos faz bem, auxiliada pela simetria não necessariamente óbvia, por exemplo), deixar-se seduzir pelo que mais atrai no mercado (dos revestimentos ao mobiliário), e que venham os modismos que tantas vezes nos consolam por trazer um pouco do comum (a todos nós) à nossa casa, evocando sensação de pertencimento.

Curtam seus pares de abajures, os fios de led nos rasgos engessados do teto, os painéis ripados (ou nunca terão o prazer de voltar a não tê-los), usufrua das cadeiras e outras peças de metal e/ou de fibras naturais (ambos os materiais, ainda que opostos, voltaram à toda)… Mas também arrisquem: uma cadeira ou mesa colecionável (peça única em destaque), uma mesa de centro orgânica (não chame de ameboide). E tente reduzir inicialmente o número de alguns elementos fundamentais (tapetes, almofadas e obras de arte), pois é deles que você vai encher naturalmente a sua casa ao longo dos próximos anos.

Deixe as paredes no branco, enjoe, ache sem graça (e depois coloque as combinações de cores com as quais sempre sonhou, mesmo que esdrúxulas). Mas faça tudo isso com muito estilo, aprendido e apreendido — assim será melhor.

Sergio Zobaran

 

 

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Tag: estilo

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