PRODUÇÃO: JURA QUE PRECISA?

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Produção é o ato de produzir alguma coisa, ou… na nossa área décor, pode ser duas coisas: uma maneira cenográfica para a mídia especializada apresentar produtos — materiais de revestimento, móveis, objetos,  arte, tapetes, cortinas, itens de iluminação, conceitos e etc. e tal, de forma coordenada, em editoriais nos seus veículos impressos, eletrônicos ou digitais.

Ou pode definir, de outra forma, em adaptação mais recente da palavra, a finalização de uma casa — o que antes chamávamos de decoração, mas com algumas variáveis contemporâneas.

Você mesma/o pode fazer toda a produção do que chamamos de lar, por exemplo, reunindo e dispondo, nos lugares e posições que preferir, todas as peças que reuniu e reúne ao longo da vida. Mas  tem também a chance de terceirizá-la, contratando um arquiteto, um designer de interiores ou a/o amiga/o de bom gosto, e o pendurador de quadros, a filha talentosa, a vizinha quase “decoratriz”.

Produção é hoje, para uma  gerente de loja, arquiteta,  carioca e esperta: a terceirização do seu gosto pelo arquiteto, aquele que muitas vezes inventa ou reinventa (reinvenção tá na moda) a sua história, e parece que funciona!

Produção é, de fato, por parte de muitos profissionais com seus assistentes: baixar na sua casa uma seleção com edição (mas pode chamar de curadoria), de peças dentro daquilo que se estabelece como o seu estilo,  ou o do próprio arquiteto (e isso é legítimo, é o que se contrata, muitas vezes), e posicionar os acessórios nos ambientes, de livros para não ler na estante até livros para se ver sobre a mesa de centro, com direito a lupa em cima.

Produção desnecessária, inútil ou exagerada (que hoje existe mais do que por herança ou de compra paulatina), também pode ser considerada através do excesso de qualquer coisa: de almofadas, de obras de arte, de tapetes, de plantas, do brilho dos cristais ou metais…

E não confunda a produção da mídia, lá ele cima, dos showrooms de lojas ou das mostras de decoração (ambas são shows: feitas para mostrar e vender) com a da sua casa, a única real!

Pilha de revistas ou livros no chão, neste caso, se chama bagunça, ou falta de ter onde colocá-los de forma ordenada e não adornada. Esta mania, com a pandemia, tende a passar, pelo menos no momento em que as pessoas estão se acostumando a fazer sua própria organização doméstica e até a limpeza de tanta coisa, ou mesmo desta mania chamada produção.

Procure não cair nos clichês: iniciais dos donos da casa em metal ou cerâmica na estante; livros sobre mesas com objetos em cima (pra quê?); um vaso alto e um irmão dele mais baixo (por quê?); objetos sem sentido: castiçais comuns sem velas, quadros pregados em estantes que impedem o acesso às prateleiras (nunca entendi), ou pendurados nas portas, e que balançam, e fazem barulho, quando não caem.

As lembranças de viagens, as tais peças de memória afetiva (a antiga estimação), aquilo que dá alma, traz história, conforto e aconchego, e que você tanto preza, não precisam estar expostas a quem frequenta sua casa, além de você.

Assim, elas podem ter um destino muito mais íntimo, e tomar um rumo que as deixará muito próximas a você: dentro do seu closet. Porque aí você pode admirá-las todos os dias sozinha/o, concentrada/o e em silêncio, porque ninguém além de você merece ver um bibelô que nada tem a ver com a sua decoração, mas que foi lembrança de viagem da sua avó…

Para Rosa May Sampaio

Sergio Zobaran

 

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