A cidade de Braga tem suas origens ligada ao domínio romano no território português. A cidadela romana “Bracara Augusta” se tornou capital da província de Galécia, região noroeste da península ibérica, no século III depois de Cristo e o nome Braga deriva da denominação romana dada a cidade.
Com a queda do Império Romano a região sofreu sucessivas invasões e a cidade que hoje conhecemos começou a ser estruturada a partir do século XI, desta época estão preservados importantes edificações românicas e góticas.
No século XVI o Arcebispo de Braga Dom Diogo de Souza modificou a forma da cidade que atinge seu auge no século XVIII, momento em que a economia próspera levou a criação de grandes momentos arquitetônicos, dos edifícios religiosos aos palacetes, num caráter monumental que marca a era de ouro do Barroco português emaranhado aos exemplares medievais existentes.
Dentre os monumentos se destaca o Museu dos Biscainhos, localizado fora nos muros da cidade medieval e próximo do Arco da Porta Nova, uma das saídas da cidade murada. O museu recebeu este nome pois fica na rua biscainhos, local onde se fixaram os artesãos vindos de Biscaia contratados pelo arcebispo Dom Diogo de Sousa para auxiliar na revitalização da cidade no século XVI.
O palacete que abriga o atual museu começou a ser construído no século XVII sendo ampliado de acordo com os desejos dos sucessivos herdeiros até meados do século XVIII e início do XIX. Deste modo é possível perceber momentos distintos nesta casa senhorial, que incorpora tanto elementos do Barroco perceptível no Grande Hall de entrada e na sua própria planta em L, assim como nos jardins.
Os jardins do museu chamam atenção por seus caminhos que se distribuem a partir de um eixo central onde de cada lado se forma um labirinto de canteiros, após esse jardim geométrico encontramos pomar, horta, pavilhões e fontes cercadas por muros azulejados e esculturas, todo conjunto confirma o desenho barroco do paisagismo implantado.
Um espaço interessante no palacete é a cozinha, que fica num anexo da casa na área externa, sua configuração nos dá a dimensão de como era o funcionamento da vida doméstica em uma casa senhorial do século XVIII.
O “fogão” é formado por uma área coberta por uma grande chaminé, abaixo dela ficava o fogo e todos os outros equipamentos necessários a cocção, como os formos, panelas e grelhas em ferro. Completam esse ambiente um grande tanque e uma mesa em pedra, além dos armários embutidos nas paredes.
No interior da casa é possível visitar as diferentes salas e cômodos com sua decoração e mobiliário que variam entre o Barroco e o Neoclássico.
Como a Sala do Estrado, espaço destinado as mulheres onde elas passavam o dia conversando, bordando, costurando entre outros afazeres domésticos. Era no estrado coberto por tapete que as mulheres se sentavam, essa prática, de se sentar no estrado, é uma das heranças que permaneceram em Portugal após a dominação árabe na península ibérica.
Por sua vez é na sala de jantar que encontramos uma perfeita ambientação em “estilo” neoclássico, desde o seu mobiliário com as cadeiras de espaldar em forma de medalhão, até a pintura da parede com seus feixes de guirlandas de flores distribuídos de forma simétrica por todo o ambiente.
Enfim o Museu dos Biscainhos nos apresenta uma verdadeira viagem as formas de viver de uma época, com seus objetos, móveis e utensílios preservados com cuidado na cidade de Braga.
Katia Souza
Lourdes Luz / Katia Souza / João Torres
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