Jardim tropical e integrado à arquitetura em uma casa mineira, com o paisagismo desenvolvido em paralelo à construção, tirando partido do terreno em declive e abraçando a residência em Nova Lima, Minas Gerais.
“Um paisagismo que abraçasse a casa”: este foi o pedido dos moradores para a arquiteta paisagista Flávia D’urso ao definir o que desejavam para a nova morada, uma casa de condomínio na cidade de Nova Lima, em Minas Gerais. O casal, com dois filhos jovens, estava passando uma temporada no exterior. “Entendemos o quão simbólico e significativo seria para eles a nova casa, por marcar o retorno ao Brasil. Criamos então um jardim bem tropical, com muita vegetação nativa, variedade de texturas e espécies, como forma de acolher essa família em seu país de origem”, conta a profissional.
O projeto de paisagismo foi desenvolvido junto ao arquitetônico, assinado pela arquiteta Adriana Machado, o que permitiu uma troca significativa entre ambos. “Quando recebemos os materiais, percebemos que se tratava de um terreno com muita declividade. Chegamos a uma proposta de movimentação de terra para permitir o acesso em todos os trechos do terreno e aproveitar dessas diferenças de níveis para integrar com as aberturas da residência. Contribuímos também nos desenhos e alguns detalhes em relação às escadas, caminhamentos e acessos, nos materiais e distribuições”, explica a paisagista.
Para o projeto, Flávia adotou um estilo tropical contemporâneo, partindo das referências dos clientes de jardins com bastante volume. A paisagista trouxe para a casa muita variedade de folhagens e espécies nativas, explorando o desenho das plantas, suas texturas, volumes e cores, de forma a conectá-las com materiais utilizados, aberturas e elementos construtivos da residência.
Logo na entrada, o capim-do-Texas verde direciona o visitante, acompanhando o desenho do piso no acesso principal. As Xantorreias dispostas pelo gramado da entrada complementam a composição. “A tamareira, posicionada nos pórticos da residência, acompanha e reforça as linhas retas da fachada com seu tronco alongado. Outras unidades foram distribuídas na região ajardinada da entrada, em tamanhos menores, para que suas copas elevem a vista desse volume verde”, conta Flávia.
O aspecto tropical se faz presente principalmente através dos diversos tipos de filodendros, que aparecem ao longo de toda a residência, trazendo uma diversidade de verdes e texturas. Nos jardins laterais, os arbustos maiores, como a Pleomele Verde e a Maranta Charuto, são acompanhados por Imbés Undulatos e Xanadus, que criam um volume exuberante para a base dos canteiros. Ao lado deles, a paisagista providenciou uma horta de temperos, plantada em vasos, atendendo a um pedido especial da moradora. “Já nos fundos da casa, um grande maciço de Curculigoembeleza o jardim. Com suas longas folhas, em um tom de verde que se destaca, a espécie acompanha o desnível do terreno, fazendo com que as folhas se encaixem entre si, dando um aspecto de cascata com suas sobreposições”, descreve Flávia.
Para o verde invadir ainda mais os interiores, a paisagista adotou um truque visual que parece dar continuidade ao jardim dentro de casa: sob a escada na sala de jantar, uma jardineira recheada de espadas-de-São-Jorge espelha o canteiro da varanda, através da janela fixa. O mesmo efeito se dá na área da piscina, onde o jardim vertical “atravessa” a divisória para o ambiente externo, com uma composição variada de samambaias, filodendros, antúrios e aspargos pendentes.
O resultado atendeu diretamente ao desejo dos moradores por uma casa cercada de verde. “Todos os trechos ajardinados tiveram um toque dado por eles, que nos trouxeram muitas referências e foram extremamente participativos na concepção de cada cantinho que recebeu algum elemento de paisagismo”, finaliza a paisagista.
- Autoria do projeto paisagístico: Arquiteta paisagista Flávia D’urso
- Projeto de arquitetura: Adriana Machado Arquitetura
- Fotografia: Mariana Araújo
- Fornecimento das plantas: Garden Cerri
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Celina Mello Franco
