Apartamento Almodovariano – Sem bege, cinza e branco
Venho acompanhando a trajetória de Jean de Just, um arquiteto français, bien sûr, mas que decidiu fincar seu pezinho nessas plagas cariocas. E o sucesso veio à galope. Para constar: no momento o escritório está tocando 25 projetos em diversos lugares.
Enquanto a maioria de profissionais e clientes se ancora nos beges, cinzas e brancos – entendemos, é preciso coragem para mudar – JDJ não tem medo das cores, das combinações e das ousadias. E encontra, muitas vezes, um cliente que embarca na sua onda.
Como nesse projeto no Leblon, um apartamento de 90m2, mas que tem tantas referências visuais que parece ter pelo menos o dobro.
“A cliente, uma jornalista que não mora no Rio, queria um pied-à-terre que fosse bem colorido. Ela me encontrou no Instagram e topou todas as ideias que apresentei. A inspiração foi Almodóvar”, conta Jean, que já participou da Casa Cor com um ambiente bem tropical, o tal pelo qual a jornalista se encantou.
Com três quartos, inclusive um de hóspedes, um living compacto, banheiros com configurações divertidas, um hall para os quartos que mistura diversas referências e uma cozinha pra lá de aconchegante, a decoração não deixa ninguém indiferente. Eu, por exemplo, teria muitos itens dessa composição.
O piso de tacos foi mantido e as transformações estruturais foram poucas, apenas o banheiro de serviço foi abaixo para compor a suíte. Mas o resto…
No living as paredes o os batentes das portas foram pintados na cor amarela e a estante, customizada com pátina xadrez. “O sofá comprei num leilão por um valor bem baixo. Mandei reformar e forrei de tecido listrado. A poltrona optamos por forrar de oncinha”, conta o arquiteto.
Depois dessa peça ensolarada, o hall dos quartos (não existe corredor) tem inspiração em Calder, Miró e a cultura indígena, uma mistura quase alucinógena, toda desenhada por Jean e que traz mais alegria ainda ao apartamento.
Os quartos, ah, os quartos, têm personalidades diferentes. O da mãe da proprietária é mais tranquilo, em tons de verde e com papel de parede tropical da Branco Casa. O oratório de madeira bem-comportado tem seu contraponto na cômoda da Arteiro com pintura customizada em preto e branco. O banheiro segue o tema tropical e repete os desenhos de azulejos com palmeiras que fizeram sucesso em seu ambiente da Casa Cor.
No quarto de hóspedes a cor também se faz presente, nas paredes e na pintura atrás da cama, sem falar dos detalhes dos criados-mudos encaixados nos armários e ressaltados pela pintura amarela.O quarto da proprietária mistura rosa e laranja nas paredes e na cabeceira da cama revestida de tecido.O banheiro, comum aos dois quartos, traz um arco-íris de azulejos forrando as paredes de formas irregulares.
E a cereja do bolo vai para a cozinha, que mistura pintura azul e azulejos vermelhos, um “canto alemão” que é copa e sala de refeições com o encosto do banco forrado de tecido amarelo. Mais um detalhe? Uma parede de cobogó de cimento pintado de branco separa o cômodo da área de lavanderia.
Audácia e alegria. Aposto que o cineasta ia adorar!
Projeto: Jean de Just
Fotógrafo: André Nazareth
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