Paul Klee – Equilíbrio Instável chega ao CCBB Rio de Janeiro.
Paul Klee – Equilíbrio Instável foi concebida especialmente para o Brasil. Sucesso de público e de crítica em São Paulo, mostra permancerá no Rio entre 15 de maio e 12 de agosto de 2019.
São mais de 120 obras, entre pinturas, papéis, gravuras, desenhos e objetos pessoais do artista, cuidadosamente selecionadas no acervo do Zentrum Paul Klee, de Berna (Suíça).
O patrocínio é do Banco do Brasil e da BB Seguros.
A relevância de Paul Klee (1879-1940) para as artes é inquestionável.
No início do século XX, seu trabalho marcou a história do modernismo, um legado que pode ser apreciado em visita ao acervo do Zentrum Paul Klee, de Berna, Suíça, cidade onde o artista nasceu e residiu.
Diretamente da instituição, responsável por zelar por mais de 4 mil obras de Klee, são provenientes os 120 trabalhos minuciosamente selecionados para a mostra Paul Klee – Equilíbrio Instável, inédita na América Latina, e que permanecerá no CCBB do Rio de Janeiro entre 15 de maio e 12 de agosto.
A exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil e pala BB Seguros, com apoio da Cateno.
A organização e produção do projeto é da Expomus, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
O aspecto formador da mostra poderá ser experimentado nas propostas que serão desenvolvidas pela ação educativa do CCBB, com conteúdos acessíveis e diversificados para cada faixa etária.
“Com grande satisfação oferecemos para o público carioca e o que visita a cidade do Rio a oportunidade estar em contato com mais um grande nome da arte do século do século XX. Essa exposição reforça o nosso compromisso com a democratização do acesso à cultura e a formação de público para as artes”, afirma Marcelo Fernandes, gerente geral do CCBB Rio de Janeiro.
A BB Seguros reforça a relevância da iniciativa.
“Disseminar a cultura oferecendo acesso gratuito da população à arte é o que nos motiva a viabilizar financeiramente projetos de grande valor histórico, como é a exposição de Klee. Esse é um patrocínio que nos enche de orgulho e uma amostra da importância que dispensamos ao fomento das artes e da cultura”, afirma Fernando Barbosa, presidente da BB Seguros.
Independência de estilo
Pinturas, papéis, gravuras, desenhos e objetos pessoais de Klee percorrem a trajetória de um artista e pensador da arte que desenvolveu, ao longo de sua vida, um estilo próprio.
“Paul Klee é um artista ao qual não podemos atribuir simplesmente um determinado estilo. ‘Eu sou meu estilo’, registrou ele de modo autoconfiante em seu diário, em 1902. A observação não estava errada”, explica Fabienne Eggelhöfer, curadora da mostra.
“Paul Klee é uma das personalidades mais importantes da arte do século XX. Embora estivesse em contato com movimentos artísticos como o expressionismo, o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo, ele sempre permaneceu independente. Sua arte é única e aberta a diversas interpretações. Ele foi um bom exemplo para as gerações de artistas que o sucederam, já que não propunha um estilo único e definitivo”, completa.
Filho de um professor de música alemão e, ele próprio, um grande conhecedor dessa arte, Klee optou pelas artes plásticas ao terminar seus estudos no ensino médio em Berna, e buscou um grande centro de formação.
Dirigiu-se, então, a Munique.
Sua inscrição na academia, porém, não foi aceita, visto que à época se dava muito valor aos conhecimentos de anatomia humana e sua representação acadêmica.
Acabou por estudar na escola particular de desenho de Heinrich Knirr, onde pretendia aprimorar o desenho figurativo, visando à realização de nova prova de ingresso na academia.
Sua visão de arte, no entanto, não lhe permitiu trilhar esse caminho, apesar de ter frequentado posteriormente o curso de Franz von Stuck, o “príncipe dos pintores”.
Em 1901, após uma viagem à Itália, no fim de sua formação, concluiu que vivíamos, na virada do século XIX para o XX, um “tempo epigônico”, em que se valorizava em demasia a produção da Antiguidade e do Renascimento e em que a reprodução de modelos clássicos tinha mais valor do que a criação.
Equilíbrio como articulação:
Ao longo de sua trajetória, Klee se associou às correntes modernistas.
A angústia do homem moderno nos traços fortes e coloridos do expressionismo; a valorização das formas geométricas e do descompromisso com a figuração do cubismo; a importância da composição inspirada pelo construtivismo.
O caminho rumo à abstração e ao inconsciente do surrealismo ganham, nos trabalhos de Klee, uma assinatura muito pessoal.
Klee buscava expressar em suas obras a primazia do processo.
Isso significava, por exemplo, um apreço pelo movimento como precondição básica para a configuração.
As formas elementares do triângulo, do círculo e do quadrado surgem, em seus trabalhos, articuladas não só à ideia de movimento, mas também à de um equilíbrio necessariamente tenso.
Também acreditava que o artista deveria buscar inspiração na natureza, mas de forma econômica em seus traços e composições: “Queremos dizer mais do que a natureza, mas cometemos o erro inadmissível de dizer com mais meios do que ela, em vez de menos”, escreveu ele em 1908.
Em 1924, numa palestra em Jena, na Alemanha, afirmou, como já o fizera antes, que no seu caso o processo artístico começava sem qualquer intenção de representação.
“Nos primeiros estágios do trabalho, ele dizia seguir apenas critérios puramente pictóricos ao juntar linha e cor numa forma que gradualmente se configurava”, explica Fabienne Eggelhöfer.
Entretanto, completa a curadora, “nada o impedia de aceitar uma associação que lentamente se impusesse e de integrá-la à obra”.
Centenário da Bauhaus:
O ano de 2019 é marcado internacionalmente pela comemoração dos 100 anos de criação da Bauhaus, a mais cultuada escola de arquitetura, artes e design do mundo.
Klee foi um dos expoentes e vanguardistas da Bauhaus e exatamente por isso, ao visitar a exposição, vale especial atenção para o núcleo “Professor na Bauhaus”, que apresenta Paul Klee, ao visitante, no contexto da influentíssima escola alemã.
Criada em 1919 e fechada em 1933 pelos nazistas, os conceitos e investigações da Bauhaus ecoaram infinitamente pelo mundo, reforçando sua influência de forma irreversível, inclusive nos dias atuais.
A separação entre as disciplinas artísticas, o emprego do design e a concepção de novos objetos e espaços para uma sociedade mais humana e socialmente mais justa eram alguns dos princípios da Bauhaus.
Klee combinou a sua prática de contestar a pintura tradicional à reflexão sobre a arte pictórica nos anos em que lecionou na Bauhaus. Lá, foi colega do pintor russo Wassily Kandinsky (1866-1944), entre outros.
As características dos trabalhos de Paul Klee incomodaram o ascendente regime nazista alemão, e ele foi considerado autor de “obras degeneradas”.
Os ataques nazistas o obrigaram a refugiar-se, com a esposa Lily Stumpf, na Suíça, depois de ser sumariamente dispensado da Academia de Artes de Düsseldorf, onde, entre 1931 e 1933, desenvolveu trabalhos com um novo tipo de pontilhismo.
Já em Berna, em 1937, encontrou-se, provavelmente pela última vez, com Pablo Picasso (1881-1973), cuja obra cubista inspirou Klee a desenvolver, de forma crítica, sua própria produção.
O período que viveu em Berna até a sua morte, em 1940, foi um dos mais importantes no desenvolvimento de suas obras.
Um dos atrativos da exposição brasileira, que tem entrada livre para todas as idades, é o conjunto de cinco dos fantoches produzidos por Klee para seu filho Felix, entre 1915 e 1925.
O artista criava as cabeças e as roupas a partir de restos de tecidos velhos e materiais simples que ele encontrava em casa, como carretéis de linha, tomadas ou ossos de boi fervidos. Segundo a curadora da exposição, “Klee nunca manipulava os bonecos, deixando a brincadeira inteiramente para o seu filho, que entretinha a família e os amigos com seu talento cômico”.
O futuro visto de costas:
O visitante da exposição no Brasil também poderá apreciar um núcleo que reúne um facsímile de Angelus Novus e mais 15 desenhos dedicados a essa temática, retratada em texto pelo filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940) e que se tornou referência para pensar a trajetória humana.
Paul Klee – Equilibro Instável abrange todo o período da vida artística de Klee, apresentando obras raras e pouco conhecidas – uma produção que se inicia ainda em sua juventude, no final do século XIX. É, portanto, uma exposição fundamental sobre o artista para aqueles que apreciam a sua obra e a história da arte.
Paul Klee – Equilíbrio Instável | Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
- Curadoria: Fabienne Eggelhöfer
- Organização e produção: Expomus e Zentrum Paul Klee
- Patrocínio: Banco do Brasil e BB Seguros
- CCBB Rio de Janeiro: 15/05/2019 a 12/08/2019
- CCBB Belo Horizonte: 28/08/2019 a 18/11/2019
- Entrada gratuita.
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