“Linha de Montagem”
Bruno Lins expõe séries de colagens e pinturas no Centro Cultural Correios.
Flyers, convites, revistas antigas, embalagens. Não importa a origem, nas mãos do artista plástico Bruno Lins, qualquer micro pedacinho de papel colorido vira arte.
Às vezes, em colagens num formato tão pequeno que cabem na palma da mão.
Outras, em pinturas sobre tela de dimensões bem maiores.
É esse panorama de suas pesquisas com técnicas de colagem e sua relação com a pintura abstrata que o artista apresenta na exposição “Linha de Montagem”, que abre no próximo dia 17 de julho, no Centro Cultural Correios, com curadoria de Carlos Bertão e design expográfico de Alê Teixeira.
E as cores aparecem em profusão na obra de Lins.
Os papéis antigos que vão caindo em suas mãos vão sendo guardados até que um dia possam ser recortados e trabalhados.
Na mostra, serão expostos trabalhos feitos ao longo dos últimos dois anos.
A maior parte deles – mais de uma centena – são colagens no formato 8cm X 6cm feitas com esses papéis que, de outra forma, iriam para o lixo.
Além das micro-obras – que serão dispostas lado a lado numa grande prateleira de seis metros de comprimento – a exposição reúne ainda telas pintadas a partir de pequenos detalhes dos trabalhos com papéis e colagens feitas em envelopes para CDs.
– Acho bacana quando a arte consegue fazer esse resgate de materiais que iriam para o lixo. Mas, na minha obra, isso acontece de maneira muito natural. Meu trabalho é sempre muito espontâneo e tem a ver com os materiais que vou encontrando – explica o artista.
Um exemplo disso é o trabalho com os envelopes de CD, que surgiu numa despretensiosa brincadeira com o filho de 5 anos e acabou se tornando também parte de sua obra.
O nome “Linha de Montagem” se refere não só a um modus operandis sequencial de produção – como no caso das colagens de pequenos formatos -, mas como uma linha que surge de um diário de anotações gráficas e registros de cores, separando planos, formando um jogo geométrico de equilíbrio entre o aleatório e o controle.
– Não há, na minha obra, nenhuma representação do real. No geral, o que me interessa são os planos de cor. Para mim, é muito importante a seleção precisa dos elementos. É como na gastronomia: um pouquinho mais de sal para temperar, uma pitada de curry para trazer cor – diz o artista que segue a linha minimalista da Escola Bauhaus.
“Linha de Montagem” fica em cartaz até 25 de agosto no Centro Cultural Correios.
Sobre o artista
Bruno Lins vive entre Rio e Araras, na Região Serrana, onde mantém seu ateliê.
Graduado em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ em 1999, vem atuando em ações artísticas coletivas e explorando um variado repertório técnico e de pesquisa no campo das artes visuais.
Participou de exposições coletivas como “Atrocidades Maravilhosas”, 2001; “Novíssimos”, 2002; “ Alfândega 2”, 2003; “36º Salão de Piracicaba”, 2004; “A cara do Rio”, 2004 a 2007; e “Rio Amazonas – navegação, 27 Bienal de SP”, 2006. Entre suas individuais, destaque para “Caminhos Naturais”, na Embaixada do Brasil em Roma, 2005; “Paisagens de Vento”, no Centro Cultural Correios, 2009; e “Tech Colors”, no Museu de Arte Contemporânea de MS, 2016.
Nos anos 90, colaborou com ilustrações para revista Vizoo do fotógrafo e editor Pedro Garrido e fez parte de ateliê coletivo em Santa Teresa.
Atualmente trabalha com colagem e pintura criando um diálogo entre as técnicas para o surgimento de uma geometria intimista em composições de variados formatos.
Linha de Montagem
Abertura: 17 de julho, das 18h às 21h. Quando: de 18 de julho a 25 de agosto de 2019 Centro Cultural Correios: Rua Visconde de Itaboraí, 20/ 3º andar – sala B. Centro. De terça a domingo, das 12h às 19h. Entrada Franca
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Celina Mello Franco
Liliane Abreu
TAG: Bruno Lins
