O primeiro apartamento de um jovem médico, 30 anos, fica em Copacabana e ganhou reforma completa com projeto assinado pelo arquiteto, igualmente jovem, 26 anos, João Panaggio.
O médico Thiago Cotian, 30 anos, já morava em Copacabana há alguns anos quando decidiu comprar um apartamento no mesmo bairro. O arquiteto João Panaggio o ajudou nesta busca e, depois de visitarem juntos quatro unidades com características parecidas, optaram por este imóvel de 90m2, já com a intenção de fazer uma reforma completa em todos os cômodos.
“Ele pediu para manter algumas características originais do imóvel, como o piso em taco, os pendentes nos quartos e as molduras e maçanetas das portas, pois esses elementos imprimiriam um toque vintage em todo o projeto. Ele queria ainda ter um banco azulejado na sala e, por fim, uma cozinha all black”, conta Panaggio.
Segundo o arquiteto, as principais modificações na planta do imóvel aconteceram nas áreas molhadas. “Eliminamos o banheiro e o quarto de serviço para ampliar o banheiro social, o banheiro da suíte e a cozinha, que também ganhou uma despensa”, detalha ele. Já os outros ambientes foram mantidos em suas dimensões originais.
Na decoração, que segue um estilo jovem, descontraído e contemporâneo, com toques vintage, há peças que representam uma diversidade tanto estética como temporal. As clássicas cadeiras (de jantar) Thonet, a banqueta alta antiga com assento rosqueado garimpada no antiquário AD Studio e a poltrona modernista Beto assinada por Sergio Rodrigues convivem, por exemplo, em total harmonia com mobiliários contemporâneos, como o Carrinho Tapioca do designer Adalfan Filho, a mesa de centro Margem da dupla Luciana Martins e Gerson de Oliveira e mesa de apoio Vidro, do Guilherme Wentz, todos fornecidos pelo Arquivo Contemporâneo.
Após a execução da reforma, a cozinha foi integrada à sala e decorada em branco e preto. A marcenaria escura, de madeira ebanizada, por exemplo, ganhou um nicho central na parede ao fundo, integralmente revestido com azulejo branco, criando uma bancada seca de apoio na própria cozinha.
Na sala houve poucas intervenções, sendo a principal delas o banco azulejado posicionado embaixo e ao longo de toda a grande janela, com o taco do piso subindo a parede até o limite do assento para criar a sensação de continuidade. O arquiteto também descascou pilares e vigas, deixando-os aparentes em concreto bruto para trazer um pouco da atmosfera industrial para o espaço.
O banheiro social é composto de materiais em tons de cinza e preto, sendo o interior do box num tom mais escuro (inclusive no piso e no teto) para criar uma sensação de “caixa”. Para deixa-lo com cara de lavabo, o arquiteto projetou uma esquadria piso/teto para esconder o chuveiro e, no lugar da bancada, instalou um móvel antigo comprado em antiquário, que foi restaurado para o novo uso.
O escritório (home office) é um espaço de trabalho e estudo, com bastante armários para armazenamento e uma bicama, que também funciona como sofá. Já no quarto de hóspedes, o arquiteto usou mobiliários soltos e aproveitou algumas peças de acervo do cliente.
Na suíte do morador, o arquiteto projetou uma marcenaria em freijó que “emoldura” a vista da janela e cria, embaixo dela, um armário estreito com espaço extra de armazenamento. O couro marrom da cabeceira, os tecidos (de algodão, linho e lã) da roupa de cama e a madeira da marcenaria são elementos naturais que ajudaram a reforçar a sensação de aconchego e acolhimento no dormitório.
Segundo Panaggio, o banheiro da suíte é um dos pontos altos do projeto. “Apostamos em um espaço relaxante, em tons mais escuros e com luz difusa para proporcionar um banho tranquilo após um dia conturbado. Usamos revestimento preto dentro do box e aplicamos no teto um painel metálico tipo muxarabi, também preto, para criar uma sensação de caixa escura. Já a parede da bancada foi revestida com cimento queimado”, explica Panaggio.
“Nosso maior desafio neste projeto foi unir tempos diversos. O projeto não partiu de uma tela em branco. Pelo contrário, as intervenções que fizemos partiram de alguns elementos existentes que foram preservados. Nada neste apartamento se propõe a ser uma imitação do passado”, conclui Panaggio.
Destaques do projeto:
- O hall de entrada, que foi pintado de rosa para dar boas-vindas de forma inusitada.
- A cozinha toda preta com madeira ebanizada, azulejos brancos e tijolos de vidro, que se contrapõe aos tons neutros e claros e à marcenaria em freijó predominantes na sala.
- O banco azulejado na sala faz, embaixo da grande janela, que tornou a sala mais ampla e conectada aos demais espaços, além de oferecer assentos extras em dias de casa cheia.
- Os pilares e vigas em concreto bruto aparente, que deram um toque industrial no projeto.
- Os banheiros em tons e revestimentos escuros e luz suave, para proporcionar a sensação de relaxamento.
Projeto: João Panaggio
Fotógrafo dos ambientes: Denilson Machado/MCA Estúdio
Fotógrafo que fez os retratos: Marllon Oliveira
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Celina Mello Franco