E de repente novembro está batendo nas nossas portas. Alguém já se preparando para o Natal? Ou com arrepios só de pensar nos jingle bells e panetones?
Estou desfrutando por enquanto da primavera fresquinha do Rio de Janeiro, que por vezes dá uns sustos com uma chuvarada inesperada. As flores estão brotando e minhas orquídeas florindo aos poucos.
Aproveite para fazer arranjos em casa, que vão levantar a moral, afastar a monotonia e trazer mais beleza para a decoração. Às vezes só algumas folhagens podem dar um upgrade na sala. Escolha vasos criativos, diferentes, divertidos. Algum objeto inusitado que “disfarçado” de vaso, traz surpresa e alegria.
Essa coisa de tendência é abominada por muitos designers de interiores e arquitetos, mas é inegável que existe sempre uma influência dominante e os profissionais terminam fazendo projetos que têm muito em comum.
O estilo industrial continua dando as cartas; as boiseries ressurgem modernizadas e coloridas; as divisórias de salas, banheiros e cozinhas têm nas esquadrias de cor preta uma constante e o cottage core anda firme como nunca.
Ah, esse último é uma novidade pra você? Fique por dentro: é uma estética que corre atrás da simplicidade e do charme da vida do campo, incensada pela correria da era digital. Com muito artesanato, peças vintage, armários de cozinha pintados de cores pastéis, muito vime. Aliás, quem não tem uma cadeira suspensa de vime para aproveitar o balanço das horas, olho! Está perdendo tempo. É o must da temporada.
Sem perder tempo também, que tal o Halloween? Quem gosta? Eu gosto muito, talvez por ter passado parte da infância nos Estados Unidos onde Tricks or Treats eram a diversão mais ingênua e alegre. Isso antes da chegado do malvado Michael Myers aos cinemas. Brincadeiras à parte dá para produzir uma bela mesa com símbolos da festa sem arruinar o orçamento. Abóboras, velas pretas, umas aranhas de plástico, copos vermelhos e pronto. Está montada a Noite das Bruxas.
Aliás, o dia das bruxas é comemorado no dia 31 de outubro desde o tempo dos celtas, povo que vivia na Europa central cerca de 660 anos AC e que comemorava o Ano Novo todo primeiro dia de novembro. Daí seu nome, All Halows Eve, véspera do dia de Todos os Santos. Ligados à religião e à natureza eles tentavam espantar os maus espíritos e usavam símbolos e trajes sombrios.
Os imigrantes irlandeses levaram a tradição para os Estados Unidos onde a data é esperada com ansiedade. E as abóboras, coitadas, são fartamente recortadas em forma de carinhas e iluminadas por uma vela (um pouco assustadoras eu diria) incorporando o Jack O’lantern, um beberrão que, segundo a lenda, não pôde entrar no céu e fica vagando pela noite com uma vela para iluminar seu caminho. Mas esse é só um pedaço da história.
Terminando nossa conversa, não poderia deixar de homenagear Claudio Bernardes, que nos deixou há 20 anos e foi uma estrela da arquitetura. Acho que a primeira vez que tive contato com sua criatividade foi no final dos anos 70 num fim de semana com amigos e um almoço em sua casa de Angra dos Reis, diferente de todas que já tinha visto, com um detalhe inusitado: o banheiro não tinha porta!
Nos encontramos muitas outras vezes durante mais de dez anos, quando tive a chance de me familiarizar com seu estilo simples e sofisticado ao mesmo tempo. Um talento que atravessa gerações: seu pai Sergio Bernardes era um dos mais conceituados arquitetos do país e Thiago, seu filho está à frente de um dos mais requisitados escritórios de arquitetura.
Seus projetos tinham leveza, brasilidade e sempre surpreendiam. Criou um estilo em Angra dos Reis, fartamente imitado, mas nunca superado. Numa das muitas entrevistas que fiz com ele, confessou que adorava quando diziam que suas casas pareciam ocas. “Acho que os índios são tremendos arquitetos”. De sua prancheta saíram palafitas, pisos transparentes e tetos de sapé, sua marca registrada na Costa Verde.
Mas isso também é tema para ser discutido com mais espaço e muito carinho. Só podemos lamentar não ter tido seu talento durante mais tempo.
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tag: bells e panetones
