Os azulejos são os queridinhos da vez, porém não mais de áreas molhadas como a cozinha e o banheiro. Ou apenas em fachadas de prédios, igrejas e monumentos. Eles ganharam status de obras de arte (algumas são mesmo) e estão na lista dos must have da decoração. Podem cobrir paredes inteiras, um cantinho ou o fundo de uma estante, se bem que os painéis são protagonistas em muitos projetos.
Para situar a nova mania, acredita-se que a palavra azulejo originou-se do árabe azzelij , dentre outras variantes, que significa pedra polida, sendo a sua existência mencionada desde a antiguidade. A expansão islâmica foi a responsável pela introdução dessa peça de cerâmica durante a invasão moura na Península Ibérica, onde a arte mais floresceu, especialmente na Espanha e em Portugal.
Aparecendo esporadicamente em muitos projetos de interiores, parece que esses quadradinhos saíram realmente do anonimato dos banheiros e das cozinhas e viraram estrelas em diversos ambientes e em versões surpreendentes.


Uma das mais originais foi criada pelo arquiteto Marcelo Jardim e surge feita de madeira! Com essas peças, do modelo chamado Bocaina, ele montou um painel de 18m2 para o espaço da arquiteta Leila Dionízios na Casa Cor 2023 em seu “Refúgio do Lago”.
Segundo consta é o primeiro azulejo de madeira do mundo, trazendo referências da azulejaria contemporânea, com dez modelos exclusivos compondo a marca Azu . Com eles, os arquitetos podem montar para seus clientes sua própria obra de arte. “Não queria algo que servisse só para mim, como se eu fosse o único criador. Queria que os próprios clientes e outros arquitetos fossem os donos das obras de arte e tivessem esse poder da criação”, comenta Marcelo.


A novidade não para por aí. Azulejo com foto, já ouviu falar? Da parceria da arquiteta Fernanda Medeiros com o fotógrafo Ari Kaye, surgiu a criação da AzulejaRio, com imagens selecionadas exclusivamente para esse projeto impressas em azulejos com acabamento em madeira. A primeira coleção, “Re-Frescar” foi lançada na Casa Cor Rio 23, no ambiente da arquiteta, a Sala de Banho.
São fotos de praias e seus detalhes, como guarda-sol, coqueiros, o calçadão de Copacabana e o mar, impressas em azulejos, tanto em forma de mosaico (1.00m x 0.80m) quanto individuais (0,20m x 0,20m). “O Rio e a alma carioca são constante fontes de inspiração e não poderiam ficar de fora deste projeto. Outras séries estão sendo preparadas e já já estarão disponíveis. Por enquanto os azulejos são apenas para uso interno, mas quem sabe no futuro não poderão ser usados também em áreas molhadas?” acredita Fernanda.



Seguindo ainda na Casa Cor Rio 2023, outro ambiente que também elegeu os azulejos como foco foi a Sala de Encontros, de Patricia Marinho e Manuèle Colas. Destacado entre duas estantes, está o painel com motivos geométricos desenvolvidos pelo arquiteto e designer Noel Marinho, de quem Patricia, sua filha, tem a curadoria dos trabalhos. “Meu pai sempre desenhou azulejos, desde os anos 1950, e usamos os motivos não só em azulejos, mas em tapetes e outros elementos, como bancadas, pufes e bancos”, conta ela.


Desde 2014 desenhando coleções de azulejos para a Vetro, a arquiteta (com especialidade em Belas Artes) Monica Camargo, é uma entusiasta de seu trabalho. Sua sintonia fina com outros arquitetos permite que cheguem a um resultado sempre surpreendente para seus projetos. Além dos desenhos geométricos que domina com maestria, ela também se arrisca em outros temas, como os peixes, que podem até estar nas copas e cozinhas, mas são os destaques nos halls, varandas e quartos. “Sempre tenho uma conversa com o cliente para saber o que ele deseja. E muitos projetos são exclusivos”, explica.


Azulejos antigos e modernos estão sempre presentes também nos projetos do arquiteto Mauricio Nóbrega. Com muitas obras em Portugal, ele usa, sempre que possível, os azulejos portugueses antigos, formando painéis que contrastam com móveis contemporâneos, numa combinação arrebatadora. “Os azulejos na verdade voltaram a decorar ambientes sociais. Uso os de Athos Bulcão para fazer painéis, que foram criados nos anos de 1950 e 1960 para lobbies e fachadas de Brasília. Mas gosto muito dos desenhos de Miguel Sereno que usamos em diversos projetos do nosso escritório”.


Arrebatadora também é a sala de jantar do arquiteto Luiz Fernando Grabowsky. Além da decoração toda Art Déco do apartamento, a sala tem uma meia parede composta de azulejos antigos que ele colecionou durante anos. Se quiser mudar-se, não vai ter problemas nem quebrar paredes. “Fiz um painel de MDF onde fixei todos eles e posso tirá-lo para levar para outro lugar sem medo”, ensina.



Também com vários projetos em Lisboa, a arquiteta Andrea Chicharo gosta muito de usar azulejos antigos seja em painéis, na parede inteira ou mesmo em algum cantinho da casa.
“Uso em várias obras em Portugal. Quando é retrofit, o cliente tem direito aos painéis de azulejos do antigo prédio e colo direto na parede. Muitas vezes o cliente quer os painéis então costumo comprar num antiquário que conheço e que vende painéis grandes do século XVII e XVIII. Também uso os da fábrica Viúva Lamego, que funciona até hoje e tem opções de criações mais contemporâneas. No Brasil usei os azulejos do Noel Marinho numa aparador de uma área externa de um apartamento.”, conta Andrea Chicharo.
E você, se animou a dar um upgrade na casa com essas dicas?
Endereços: Leila Dionízios | Azu – azulejos em madeira | AzulejaRio | Patricia Marinho | Monica Camargo | Mauricio Nóbrega | Luiz Fernando Grabowsky | Andrea Chicharo
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