Projeto do apartamento de 90m² assinado pelo arquiteto Nilton Montarroyos também considerou o custo-benefício na escolha do mobiliário, garimpando peças com design moderno que coubessem no orçamento da moradora
Um apartamento de 90m² no Leblon, em um agradável edifício dos anos 50 e vizinho ao seu próprio endereço: para Ana Vinteira, foi a oportunidade ideal para trazer sua mãe, uma professora aposentada, para morar mais perto e cuidar de sua saúde.
Após a compra, no entanto, foi necessário realizar uma remodelação no imóvel e na distribuição dos cômodos, adaptando a estrutura para atender às necessidades da nova moradora, com mobilidade reduzida.
Para este desafio, Ana convidou o arquiteto Nilton Montarroyos, seu amigo de longa data, para capitanear a reforma e compor do zero todo o mobiliário e a decoração do apartamento, porém com um orçamento limitado – uma questão impositiva devida à inesperada e oportuna aquisição do imóvel.
Todo o projeto foi planejado e realizado em 6 meses, durante a quarentena – “como a obra ocorreu por motivos de saúde, para se adequar às necessidades da moradora, obtivemos autorização para finaliza-la durante o período, mas com todos os desafios de realiza-la com o comércio fechado”, conta o profissional.
Segundo Nilton, a planta do apartamento apresentava duas grandes deficiências. “Em primeiro lugar, originalmente o imóvel contemplava apenas um banheiro para atender aos três quartos. O antigo morador dividiu esse único banheiro em dois, sendo um da suíte e outro social. Por causa dessa divisão, ambos os banheiros eram muito pequenos e nada funcionais. Nesta reforma, transformamos novamente esse banheiro em apenas um, atendendo apenas à suíte, e criamos outro banheiro, com dimensões generosas, onde antes era a cozinha”, explica o arquiteto.
Já o segundo problema no apartamento de 90m² era o desequilíbrio entre as metragens dos quartos, generosamente grandes, frente à metragem reduzida da sala de estar e jantar. “Com a remodelação e abertura para a nova cozinha, conseguimos ampliar visualmente a área social, sem alterar a dimensão dos dormitórios”, revela Nilton.
Para criar essa nova área social, a parede entre a sala e a área de serviço foi demolida, criando ali uma nova cozinha, integrada à sala. A dependência de empregada foi transformada na nova área de serviço, também aberta para a cozinha, possibilitando ainda atender a dois desejos da moradora: o maior número possível de espaços de armazenamento e a cozinha em conceito aberto.
“Minha mãe adora cozinhar para os filhos e amigos, então a ideia foi possibilitar que ela interagisse conosco durante o preparo das refeições”, comemora Ana.
Além das alterações na planta do imóvel, outros parâmetros também foram considerados para atender à acessibilidade do projeto, como liberar as áreas de circulação e alterar as medidas das portas, permitindo assim a livre passagem da cadeira de rodas ou do andador.
Os banheiros também foram adaptados com barras de apoio e boxes nivelados, sem obstáculos. Em relação ao mobiliário, o arquiteto optou por tapetes de menor espessura e fixados ao piso, além de liberar o caminho evitando peças como mesas de centro. Já na mesa de jantar, a cabeceira é livre para encaixe da cadeira de rodas.
Ainda em relação à escolha dos móveis e acessórios, o arquiteto precisou considerar o custo-benefício, pois a mudança de última hora deixou o orçamento limitado para esta etapa:
“Realizamos um verdadeiro garimpo de peças com custo acessível, em lojas de varejo e até mesmo em comércio popular como o Saara, mas que tivessem design arrojado e moderno. Cadeiras, mesa, estofados, decoração, todas as peças seguiram esse norte. O resultado foi surpreendente e provou que não é necessário um custo exorbitante para se alcançar um visual sofisticado”, defende o arquiteto, que já participou de diversas edições do Morar Mais por Menos, evento de decoração carioca que adota essa mesma prerrogativa e o inspirou na hora de especificar o mobiliário para este projeto.
O resultado é um projeto moderno e atemporal, com uma base em tons claros que tira partido da luminosidade natural e abundante do imóvel, com paredes e revestimentos predominantemente na cor branca.
Na área social, elementos pontuais na cor preta conferem requinte e modernidade, enquanto o piso e os móveis em madeira proporcionam a sensação de aconchego.
Já nos dormitórios – a suíte da moradora e o quarto de hóspedes, pensado para receber a visita de seus outros filhos –, os destaques são os papéis de parede usados na cabeceira das camas, ambos com pegada navy em azul marinho e branco, deixando o toque de cor para os objetos decorativos.
O escritório, por sua vez, traz uma decoração prática, com direito a sofá-cama para os dias de casa cheia.
Para Nilton Montarroyos, a palavra-chave para este projeto é, portanto, “equilíbrio”. “Acredito que alcançamos, neste projeto, um bem-vindo equilíbrio entre modernidade e sobriedade, simplicidade e requinte, design e aconchego, qualidade e custo acessível, que foi resultado da confiança e perfeita sinergia entre cliente e arquiteto”, conclui o arquiteto
Fotógrafo: Juliano Colodeti, do MCA Estúdio
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Celina Mello Franco