A força feminina na arquitetura e urbanismo

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Hoje celebramos o Dia Internacional da Mulher, data instituída pela ONU em 1975 e seguida por 100 países para celebrar o feminino e a luta por direitos igualitários da participação da mulher na sociedade.  

Interessante imaginar que o movimento para celebrar o  Dia da Mulher começou em 1909 em Nova York em favor do voto feminino, atravessou o Atlântico e ganhou as ruas da Rússia em 1913 com a passeata das mulheres em protesto ao desemprego e as condições precárias de vida, até culminar na Revolução de 1917 que instituiu na data de 8 de março o Dia da Mulher.

Em meio a esse sentimento feminino que a semana nos faz refletir, o mercado da arquitetura e urbanismo é honrosamente surpreendido com o anúncio do Prêmio Pritzker de Arquitetura em 2020 – maior prêmio mundial da arquitetura – para Yvonne Farrell e Shelley McNamara, co-fundadoras da Grafton Architects, “por sua integridade na abordagem de seus projetos, bem como na maneira como conduzem sua prática“, disse o júri do Pritzker Architecture Prize, que ainda descreveu Farrell e McNamara “pioneiros em um campo que tradicionalmente tem sido e ainda é uma profissão dominada por homens” e “sinaliza para os outros enquanto eles seguem seu caminho profissional exemplar“.

Foto de duas mulheres de perfil, Prêmio Pritzker de Arquitetura em 2020 - maior prêmio mundial da arquitetura - para Yvonne Farrell e Shelley McNamara

Farrell e McNamara, que co-fundaram a Grafton Architects em Dublin em 1978, também foram nomeadas vencedoras da Medalha de Ouro Real RIBA 2020, maior prêmio britânico de arquitetura, pela arquitetura no final do ano passado.

Isso sem falar na curadoria da Bienal de Veneza 2018, eu estive lá com uma cobertura completa da Bienal de Arquitetura de Veneza para o Conexão Decor, na qual a dupla propôs o tema Freespace, que buscou explorar a generosidade, reflexão e engajamento através da prática da arquitetura e discutir a “diversidade, a especificidade e a continuidade na arquitetura.”

Foto de um prédio cinza alto, visto de longe, no topo de uma via . Universidade de Engenharia e Tecnologia (UTEC) em Lima, Peru - Foto: Iwan Baan
Universidade de Engenharia e Tecnologia (UTEC) em Lima, Peru – Foto: Iwan Baan

 

Foto por dentro de uma construção toda em cimento, com sacadas em cada andar.Universidade de Engenharia e Tecnologia (UTEC) em Lima, Peru - Foto: Iwan Baan
Universidade de Engenharia e Tecnologia (UTEC) em Lima, Peru – Foto: Iwan Baan

 

Foto de um predio de tijolhinhos, com sacadas e um pé direito alto com janelas do piso ao teto.Recém inaugurada Kingston University Town House em Londres
Recém inaugurada Kingston University Town House em Londres – Foto: Ed Revee

Além de muito bem-vindo como um reconhecimento de 40 anos de dedicação a profissão, também é um sopro de esperança para uma maior representatividade feminina na profissão, tornando a dupla irlandesa a quarta e quinta mulher vencedoras de tal prestigiado reconhecimento.

E por falar em representatividade, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) divulgou em 2019 um diagnóstico inédito sobre as mulheres no mercado da arquitetura do Brasil e os números impressionam, já que representam 63,10% do mercado, sendo que na faixa etária de até 25 anos somam 79% de profissionais no país. Veja os números:

Gráfico com a idade das arquitetas urbanistas

 

Gráfico com a idade das arquitas e urbanistas

Gráfico mostrando a quantidades de arquitetas e urbanistas separado por estado e sexo.

Apesar de serem maioria no mercado de trabalho, ainda há um abismo enorme a se vencer quanto a igualdade de direitos e de representatividade, já que os dados mostram as mulheres com baixa representatividade nas entidades profissionais, como mostra o diagnóstico setorial inédito produzido pelo CAU/BR.

Outra das constatações do diagnóstico é que nos concursos públicos de Arquitetura e Urbanismo 17% dos prêmios foram concedidos a equipes lideradas por mulheres, número relativamente alto segundo o CAU/BR, considerando que os papéis de coordenação são majoritariamente masculinos neste universo.

No concurso público de projeto para a Sede do CAU/BR e IAB/DF, por exemplo, apenas 16% das equipes concorrentes foram coordenadas por mulheres. O projeto vencedor é de autoria da arquiteta e urbanista Tais Cristina da Silva, única mulher dentre os sete premiados. Nas premiações nominais por atuação ou trajetória profissional meritória, no entanto, somente 15% dos profissionais homenageados foram mulheres.

Para, Marina Lima de Fontes, pesquisadora e arquiteta e urbanista brasiliense, “é impressionante descobrir que praticamente todos os “grandes arquitetos” ou “grandes homens” da história da arquitetura e do urbanismo tiveram esposas também arquitetas trabalhando ao seu lado, ou melhor, à sua sombra, no desenvolvimento de seus projetos. Quando não esposas, existem sócias ou coautoras que não receberam qualquer crédito ou reconhecimento pelo trabalho desenvolvido” ¹.

Comparando o cenário atual em que se encontram as arquitetas no país, sendo a maioria em números e em minoria em reconhecimentos, e o Pritzker  2020 para duas mulheres com quatro décadas de carreira consolidadas, não se trata apenas de representatividade mas também do reconhecimento da prática enquanto um esforço coletivo em um mercado tão desigual.

Nota

1
FONTES, Marina Lima de. Mulheres invisíveis: a produção feminina brasileira na arquitetura impressa no século XX por uma perspectiva feminista. Dissertação de mestrado. Orientadora Ana Elisabete de Almeida Medeiros. Brasília, Universidade de Brasília, 2016.

Fabiano Ravaglia

 

 

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tag: dia internacional da mulher

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