São 1400m2 de jardins exuberantes na Região dos Lagos no Rio, em Barra de Maricá, concebidos pelo próprio dono da casa, o coreógrafo e paisagista João Saldanha.
A casa (240m2) foi construída pelo lendário técnico de futebol, jornalista e escritor João Saldanha e dada de presente ao seu filho, de mesmo nome, em 1982, inicialmente, como um local de lazer e fins de semana. No entanto, em 1990, ano em que seu pai faleceu, João decidiu se mudar de vez para lá, onde ficou até 2007.
“Trabalhando diariamente no Rio, na época fui atraído pela qualidade de vida e pelo espaço externo”, justifica ele.
João Saldanha se dedica ao paisagismo desde 1990. Começou fazendo o próprio jardim e, em seguida, do cunhado. Foi quando ele se deu conta que a atividade que era apenas um hobby poderia virar também uma profissão, em paralelo à dança, já que os amigos elogiavam bastante seus projetos.
Com três varandas (e cinco redes), a casa tem estilo praiano, com piso em cimento queimado e cerâmica (com alguns tapetes Kilim), telhas de cerâmica e mourões de madeira escura, paredes externas em tom rosa mosqueta, com portas de madeira e vidro e janelas verdes. Os móveis são, em sua maioria, de madeira, em estilo moderno dos anos 60 ou colonial, com algumas peças de família e de artesanato mineiro e indígena.
A decoração da casa conta ainda com alguns quadros de valor afetivo para João, tanto de artistas plásticos como de arquitetos: tem obras de Firmino Saldanha (tio-avô), Chico Cunha (amigo de infância), Ione Saldanha (tia), Alexandre Gaudereto e dois desenhos de Beatriz Milhazes.
Recentemente, Francisco Palmeiro, arquiteto e companheiro de João, reformou a lavanderia, o escritório, o banheiro, a área de lazer próxima a piscina e o pergolado. Ele também projetou uma área coberta (com função de gazebo) para amenizar o sol forte e o calor no verão.
João considera os jardins de sua casa bastante especiais. Além de estarem totalmente integrados com a natureza ao redor, a forma como foram concebidos elimina a perspectiva de fronteira e a vista do habitat do vizinho.
É um paisagismo diverso, com uma grande variedade de espécies, entre as quais se destacam Cássias, Flamboyants, pau-brasil, Chefleras, ipês, coqueiros e palmeiras. E ainda, bananeiras decorativas, ravenalas, helicônias, estrelitzas, philodendrons, costelas-de-adão, Espadas-de-São-Jorge, bromélias diversas, samambaias, cactos, lavandas, platiceriuns, orquídeas, jasmins, alamandas e hibiscos, entre tantas outras espécies, culminaram nesses jardins exuberantes!
“É um espaço que nos leva para dentro, ainda que incite a curiosidade exterior”, avalia ele.
“Tenho um ajudante, o Jonas, que semanalmente faz podas e mantém limpos o gramado e os canteiros. No verão, a irrigação é diária e, no inverno, três vezes na semana. Aplico anualmente uma tonelada de substrato para gramados e 500 quilos de substrato para folhagens. Faço as podas dos arbustos e buganvílias no mês de março e abril”.
“Gosto muito da forma como os ingleses tratam a paisagem, sempre com uma aparência natural, ainda que organizada. Sou um admirador do Roberto Burle Marx, por todo o seu legado expressivo. Inclusive, fiz um trabalho coreográfico sobre ele em 2010, no CCBB do Rio, intitulado Paisagem Concreta”.
- Curiosidade: Em 2019, a prefeitura de Maricá procurou João Saldanha através do cenógrafo Gringo Cardia, mostrando-se interessada em implementar três museus na região: Museu da Utopia na residência de Darcy Ribeiro, Museu do Samba na casa de Beth Carvalho e Museu do Futebol na casa de João Saldanha. No dia 13 de março de 2020, João Saldanha (filho) foi à Maricá para fechar a proposta, até que teve início a pandemia e o projeto não avançou.
Principais projetos de paisagismo já realizados profissionalmente: Em 1995, João fez o paisagismo da cobertura de um empresário francês e, logo depois, da varanda do então casal Dora Pelegrino e Fábio Barreto, na Lagoa. Ele destaca ainda a reforma do jardim da casa de um advogado no Lago Norte, em Brasília. Em 2004, foi a vez da cobertura do diretor da Bienal de Dança de Lyon, Guy Darmet. Em 2007, a casa de um casal amigo, na Praia da Ferradura, em Búzios, e mais recentemente, uma cobertura em Copacabana e o jardim de inverno do novo apartamento de seu companheiro, o arquiteto Francisco Palmeiro, também em Copacabana.
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Celina Mello Franco