Villa Olivo Todeschini, de João Armentano, exalta o jardim como parte integrante da casa na CASACOR São Paulo 2018
Sintonizado com o tema do ano, A Casa Viva, que valoriza o lar como um refúgio físico, mental e espiritual, o arquiteto João Armentano propõe a interação entre o jardim e a casa, de modo que o paisagismo, criado por Daniel Nunes, adentra praticamente todo o espaço, desde a entrada da casa, passando pelas janelas da cozinha e do living ao quarto.
Na cozinha, da Todeschini, a composição matizada entre mesa oval, de madeira, de Márcio Kogan, e as cadeiras francesas dos anos 60 é digna de reverência.
Para finalizar as janelas de vidro novamente fazem a integração com o jardim externo, que exala aroma de alecrim e convive de forma esplêndida e harmoniosa com a área gourmet.
No living, por meio de portas pivotantes de vidro, do piso ao teto, e das brises recortadas, executadas pela Todeschini, a grande protagonista do jardim – uma oliveira de 300 anos, trazida do Uruguai e inserida na Casacor por intermédio de guindaste – transborda, imponentemente, no ambiente.
Do lado oposto, um espelho externo como recurso de ampliação faz o visitante crer na existência de uma segunda árvore, tudo protegido por um painel de madeira carbonizada da Hydrotech, que devido à técnica japonesa Shou Sugi Ban, é livre de riscos.
Na casa de 320 m², João Armentano convida à apreciação da mescla mais perfeita entre o antigo e o atual.
Em toda a dimensão, peças de design contemporâneo foram harmonizadas às relíquias garimpadas em antiquários, selecionadas a dedo.
Na luzente miscelânea de estilos, do lado “novo”, entre outras preciosidades, se destacam, no living, a mesa de centro de Jader Almeida, a poltrona Flag Halyard, com encosto e assento estruturados por 240 m de linho natural, de Hans J. Wegner.
No lounge, ao lado do living, onde está a estante preta executada pela Todeschini e assinada por João Armentano, estão a poltrona Wing , de silhueta afinada de Jader Almeida, a cadeira Thonet e a icônica mesa Arimelo, de madeira Jacarandá, de Sergio Rodrigues.
Ao oposto, está a mesa redonda Art Deco, com base de folha de ouro, o cavalo chinês de pedra, do século XVIII, a cabeça de Hermes de Praxiteles, talhada em madeira, do mesmo século, e a cabeça de Buda, da Dinastia Han.
Sofisticadas na medida exata, as peças estabelecem uma linguagem comum ao distribuírem-se sobre os 44 m² de um único tapete , da By Kamy, a ponto de elementos garimpados, como os espadartes Xiphias Gladius, com base de ferro, serem confundidos com peças artísticas atuais.
No mais, todo o conjunto é abraçado pelo papel de parede Le Mineraux, lançamento da Orlean, e, novamente, pelo jardim.
Marca registrada dos projetos que João Armentano desenvolve, a integração sutil de cada um dos ambientes da casa preserva a segmentação deles e a amplitude, como um todo.
Assim, estruturas leves e não inteiriças configuram espaços fechados e abertos, de maneira idêntica, e personalizados dentro de suas propostas e funções, a exemplo da saleta anexa ao dormitório.
Nela, o painel divisor que exalta a obra de Geraldo de Barros, pertencente ao acervo pessoal do proprietário da Zipper Galeria, Fabio Cimino, é, na verdade, um móvel, revestido por papel de parede, que dá suporte à TV camuflada sob vidros refletores.
De volta ao heterogêneo cenário artístico, a escultura Cumplicidade XX, com vigas de aço sobre vidro soprado, de Tulio Pinto, e o tríptico de telas de Paula Klein o completam.
No quarto, a cama dossel, desenhada por Armentano, compõe com as generosas luminária de Gustavo Di Menno, a cadeiras Thonet, e uma poltrona de Flavio de Castro.
A presença do garimpo é marcada pela mesa retangular Art Deco, com gaveta e puxador de chifre, aqui, fazendo as vezes de criado-mudo.
No banheiro e no closet anexos, executados pela Todeschini, as atenções são voltadas para a banheira autoral esculpida em Dekton e para a lareira de mármore, do antiquário Anni Domini.
Celina Mello Franco
Liliane Abreu
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