Falei na coluna da semana passada que estava rezando para Santo Antônio mandar um pouco de frio para o nosso balneário. Hoje, quando escrevo, dia dele, a temperatura baixou bem. Animada, me lembrei de Campos de Jordão, em São Paulo, um dos municípios mais altos do país com 1.628 metros de altitude, onde o inverno tem temperaturas bem baixas.
É também uma região de araucárias, espécie que surgiu no período Jurássico e está em perigo crítico de extinção no mundo inteiro. Uma pena porque em suas pinhas estão os pinhões, deliciosos, muito apreciados especialmente na época das festas juninas. Por que estou falando disso?
Porque os arquitetos Ivo Mareines e seu ex-sócio Rafael Patalano projetaram uma casa num terreno dessa cidade onde existe uma floresta de araucárias, não tombadas, mas protegidas, claro. Imaginam a paisagem que os proprietários desfrutam?
“A originalidade do projeto está em não seguir o estilo alpino dominante na região”, explicam Ivo e Rafael conhecidos por suas casas de formas sensuais e telhamento fora do comum, entre elas a famosa Casa Folha, em Angra.
Para nosso encantamento eles também se debruçaram nessa premissa para criar a Casa Pinhão, aproveitando o formato do fruto para o design do teto do imóvel. Era inclusive o pedido do cliente que sua residência de fim de semana fugisse inteiramente do clichê de “chalezinho”.
Com 1.300 metros quadrados de área construída sem ângulos retos num terreno de cerca de cinco mil metros quadrados, a casa tem quatro pavimentos e uma rampa no lugar de escadas.
“No nível de acesso, ficam a garagem, o local de serviços e uma adega no subsolo, que dispensa climatização. No segundo piso estão a sala (com sete metros de pé direito), a cozinha, a sala de TV, a sala de jantar, o quarto de hóspedes, piscina coberta, sauna, spa e uma brinquedoteca. No terceiro ficam os quartos e no último um grande escritório e uma varanda“, conta Patalano.
Feita de estrutura metálica, tanto o exterior quanto o interior impressionam. No pilar que atravessa os pisos os arquitetos instalaram a lareira escultural, essa, indispensável não tanto para esquentar o ambiente, mas por seu apelo atávico. O aquecimento é feito de várias formas, com piso radiante e aquecedores estrategicamente escondidos.
As paredes revestidas de ripas de peroba mica de tamanhos diferentes (que se repetem no teto) dispensam qualquer tipo de interferência sendo, por si só, a arte necessária. O piso é de tábua corrida, o telhado é de compensado naval impermeabilizado com acabamento de telha taubilha. Um estilo contemporâneo e surpreendente. No Spa, pequenas janelas de tamanhos e alturas diferentes deixam entrar a paisagem, que mimetiza a casa revestida de tijolinhos queimados a fogo, diferentes entre si e com junta seca, mesclados com ardósia ferrugem.
“O importante no projeto é o fluir das formas. A reta foi praticamente abolida e substituída por rampas e formas curvilíneas. O percurso pela casa é feito mediante espaços que se abrem e se contraem, propiciando uma experiência única a cada novo passo“, diz Mareines.
Arquitetos: Ivo Mareines / Rafael Patalamo
Fotografia: Leonardo Finotti
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