Localizada em Além Paraíba, na divisa de Minas Gerais com o Rio de Janeiro, uma propriedade com longa história familiar ganhou novos ares. O terreno foi o cenário de almoços dominicais que marcaram a infância e adolescência da proprietária.
Com o tempo, no entanto, a casa original, construída por seus avós e herdada por seus pais, já não atendia às novas demandas da família. A ressignificação do imóvel passou pelas mãos da arquiteta e proprietária Joana Bronze e Pedro Axiotis, do Fato Estúdio.

A proposta inicial era reformar, mas uma avaliação técnica revelou que todas as paredes da antiga residência eram estruturais, inviabilizando alterações significativas. Diante dos altos custos de adaptação, a solução mais viável foi demolir e reconstruir.
“Foi uma decisão difícil, mas necessária. Nosso desejo era preservar o legado afetivo por meio de uma nova linguagem, respeitando o terreno e suas memórias”, conta Joana Bronze.

Pensada como casa de fim de semana, mas com estrutura para funcionar também como refúgio para os pais da arquiteta durante a semana, a nova construção foi desenhada para valorizar a natureza.



O lago, antes ignorado, tornou-se o elemento central do projeto. A implantação em formato de “L” abraça a paisagem, enquanto dois blocos principais organizam os usos: um destinado à convivência social, cozinha e suíte master; o outro aos quartos dos filhos e hóspedes.







Já o anexo de lazer, posicionado no ponto mais alto do terreno para oferecer uma vista panorâmica, reúne churrasqueira, forno de pizza, mesa para 12 pessoas, sauna e piscina de borda infinita.



A arquitetura privilegia linhas puras, volumes definidos e integração com o entorno. A casa principal, com 400 m², combina concreto aparente no piso, pedra natural nas paredes e madeira cumaru no forro, criando uma atmosfera acolhedora e atemporal.




Já o bloco dos quartos (160 m²) foi protegido por brises de madeira que garantem ventilação cruzada, filtram a luz e resguardam a privacidade dos filhos. Ao todo, a área construída chega a 760 m², incluindo o módulo de lazer, com 200 m².
“Usamos pedras com acabamento mais bruto para trazer a sensação de que a construção emergiu naturalmente dali, como uma extensão do terreno”, explica Pedro Axiotis.




Na parte social, amplos painéis de vidro integram interior e exterior. A varanda se projeta sobre o lago, promovendo uma experiência sensorial única.
“É nesse espaço que o café da manhã acontece religiosamente, enquanto o sol da manhã se reflete na superfície da água do lago e rebate na madeira do teto”, descreve Joana.




A cozinha (com despensa e lavanderia integradas) é, intencionalmente, o espaço mais carregado de informação visual da casa, foi desenhada como espaço de memória e protagonismo, evocando a tradição dos almoços familiares.








A paleta de cores segue tons neutros e terrosos, escolhidos para reforçar a serenidade e o diálogo com a paisagem. O mobiliário, novo em sua maioria, foi selecionado de forma despretensiosa, com peças simples, confortáveis e afetivas, deixando que a arquitetura tenha o protagonismo.


O estilo, contemporâneo com toques minimalistas, valoriza a iluminação natural, ventilação cruzada e a conexão entre interior e exterior.



Com um cronograma apertado e desafios logísticos impostos pela localização rural e o difícil acesso, o projeto foi concluído em apenas 15 meses, do desenho à execução, incluindo a finalização da decoração.
“A movimentação de terra foi um dos pontos mais delicados, porque queríamos adaptar a construção à topografia sem perder a integração com a paisagem. Cada escolha foi pensada para que a casa respirasse junto com a natureza”, conclui Joana Bronze.

Projeto: Arquitetos Joana Bronze e Pedro Axiotis | Fato Estúdio
Fotógrafo: Juliano Colodeti | MCA Estúdio
Para mais conteúdos da Conexão Décor, siga o nosso Instagram e Facebook, inscreva-se no nosso canal no YouTube e acompanhe as atualizações sobre decoração, arquitetura, arte e projetos inspiradores.
Celina Mello Franco
TAG: casa, casa de campo, Joana Bronze, Pedro Axiotis

