Pensado para um jovem casal, de 30 a 35 anos, recém-casados e acompanhados pelo border collie Fred, o apartamento de 80 m² em Botafogo passou por uma transformação completa. Os clientes, que já moravam de aluguel no bairro e buscavam seu primeiro imóvel próprio na região, conheceram o trabalho das arquitetas Luana Bergamo e Luiza Mesquita, do escritório SketchLab Arquitetura, pelo Instagram, e foi essa identificação que deu origem ao projeto.

A planta original do apartamento passou por uma grande reconfiguração: a antiga cozinha foi eliminada para dar lugar a uma nova área de serviço e parte do lavabo, enquanto o antigo quarto e banheiro de serviço foram adaptados para abrigar a ilha da cozinha, agora totalmente integrada à sala de estar.
“Desde o início, o pedido principal dos clientes foi justamente essa integração entre os ambientes, com o cuidado de evitar que o acesso ao imóvel remetesse a um corredor sem graça”, conta Luana.


Para isso, as arquitetas idealizaram uma parede de tijolinhos cimentícios em tom terracota, que se tornou o elemento protagonista da sala, trazendo textura, movimento e acolhimento logo na entrada. O tom terracota também foi adotado nos revestimentos da área de serviço e do lavabo, reforçando a paleta de cores terrosas e quentes que os clientes desejavam para criar um ambiente vibrante e acolhedor.

O conceito do projeto abraçou o maximalismo, alinhado ao perfil dos moradores. Com uso ousado de revestimentos, diferentes formatos e paginações nas paredes, além de trechos com forro rebaixado, as arquitetas construíram um lar cheio de energia e personalidade.
Onde desejavam suavizar o impacto visual, o branco (tinta Branco Gatinho, da Coral) foi utilizado para neutralizar. A estrutura em concreto bruto aparente arremata a composição, trazendo sobriedade, memória da planta original e um toque contemporâneo ao espaço.




Toda a marcenaria foi desenhada pelas arquitetas, com acabamento em MDF melamínico no padrão Carvalho Treviso, da Berneck, valorizando o interesse dos clientes pelo uso da madeira, que também aparece nos móveis soltos, como mesa e cadeiras.
A curadoria dos móveis da área social, garimpados em lojas de fast design como Abracasa e Westwing, priorizou peças que dialogassem com a estética do projeto, equilibrassem tons e respeitassem o orçamento.
As exceções são o banco Mocho, assinado por Sergio Rodrigues, e os quadros, que agregaram sofisticação e concentraram o maior investimento. O resultado é um hi-lo harmonioso que traduz a identidade e o momento de vida do casal.



O piso de todo o apartamento é composto por réguas de porcelanato amadeirado, assentadas em espinha de peixe, enquanto as persianas horizontais em bambu com acabamento branco valorizam a iluminação natural e criam interessantes jogos de luz e sombra.
Para delimitar a área de estar, um tapete em tom off-white com linhas azuladas, confeccionado em material PET resistente e fácil de limpar, ideal para a convivência com o cachorro, equilibra estética e funcionalidade.







Entre os destaques da área social estão o sofá em formato ilha, que promove a convivência e define os ambientes; o banco planejado em marcenaria, que oferece armazenamento e assentos extras para visitas; e a ausência de forro, com iluminação funcional projetada para uso direto da laje, reforçando a estética industrial.
Na cozinha, a ilha espaçosa otimiza a circulação, enquanto o pilar aparente confere personalidade ao espaço. A integração com a área de serviço se dá por meio de uma porta-camarão, que garante praticidade, complementada por gavetas e fruteiras planejadas para armazenamento.

Sobre o maior desafio do projeto, a arquiteta Luana Bergamo conta: “O principal desafio técnico foi criar um lavabo sem a permissão para acessar o forro da unidade inferior. A equipe de engenharia atuou com muito esmero e cuidado para garantir o sucesso da solução. A laje aparente e o pé-direito baixo também impuseram dificuldades na definição do posicionamento das máquinas de ar-condicionado. A parede de tijolinho foi escolhida por sua eficiência, mas como não era possível passar a infraestrutura pelo forro, foi necessária a construção de uma contra-parede em drywall atrás da televisão, garantindo a funcionalidade esperada”.



A arquiteta Luiza Mesquita relembra uma curiosidade do processo: “Quando sugerimos o uso de persianas nas diversas janelas que conectam os ambientes integrados, os clientes inicialmente preferiam cortinas lisas. Foi preciso insistir e pedir que confiassem no efeito da luz natural filtrada pelas lâminas de bambu. E deu certo! Ao final do projeto, recebemos a seguinte mensagem: ‘Ficou muito mais bonito do que imaginávamos! Muito obrigado mesmo”.

Projeto: Luana Bergamo e Luiza Mesquita | SketchLab Arquitetura
Fotógrafa: Raiana Medina
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Celina Mello Franco
TAG: apartamento, reforma, maximalismo, Botafogo

