4 Arquitetos explicam como aplicar o conceito da Decoração Afetiva, cada vez mais presente na decoração residencial.
Cheiros, músicas, cores, lembranças de famílias e objetos de viagens.
Durante nossas experiências, levamos na bagagem objetos e sensações especiais que fizeram parte de nossa história.
Na arquitetura, para criar um aspecto de afeto e conforto em casa, o conceito de decoração afetiva se torna cada vez mais comum, aliado ao melhor da tecnologia e das possibilidades infinitas disponíveis no mercado.
O arquiteto Thiago Manarelli, sócio do escritório Manarelli Guimarães Arquitetura, define o estilo decorativo como a relação com bens sentimentais adquiridos durante a vida e que se traduzem no décor dos ambientes.
“Inicialmente, podemos traduzir como peças que trazemos de gerações, como uma cristaleira da bisavó, ou algum objeto que compramos durante uma viagem marcante e queremos que faça parte do lar”, explica.
Mas, apesar de ser mais comum levarmos o conceito para objetos, Ana Paula Guimarães, também arquiteta da Manarelli Guimarães Arquitetura, destaca que traduzir a afetividade na decoração vai muito além disto e pode se concretizar em cheiros, cores e até mesmo sensações.
“Muitas vezes, essas lembranças especiais não são algo concreto. Pode ser um sentimento que tivemos quando entramos em um espaço e queremos refletir em nossa casa, o clima de um lugar, a música que marcou um momento, o cheiro da casa da nossa avó. É algo muito mais sensorial que objetivo.”
Como transmitir para a casa:
O primeiro objetivo da decoração afetuosa é proporcionar identidade e conexão.
Pode-se observar a importância desse elemento na compra de um imóvel novo ou quando a pessoa vive em um ambiente com décor que não foi tão bem planejado e que causa ‘estranheza’ em um primeiro momento.
Mas, como revelar, de forma harmônica, a sensação de lembranças tão boas para a decoração?
O segredo é entender como os objetos ativam as sensações de aconchego e boas lembranças para, dessa forma, compor o ambiente da melhor forma possível.
A arquiteta Karina Korn, por exemplo, fez questão de deixar na sala, ambiente de destaque do apartamento, um móvel que pertenceu a avó e está na família há algumas décadas.
“Essas peças ajudam a contar a história da decoração e nos trazem gostosas lembranças”, conta Karina Korn.
Já se a lembrança for uma peça decorativa que atravessa gerações e que pareça esteticamente ‘antiga’, uma ótima saída é combiná-la com móveis modernos que podem ser colocadas em qualquer ambiente, desde o quarto até a garagem.
Thiago Manarelli ainda explica que este objeto pode ser o ‘start’ da decoração e que a mistura entre antigo e moderno é sempre atual no segmento:
“O sentimental é um elemento importante para a decoração porque é a história do morador. O segredo é saber aliar com outros objetos, pensar em diferentes modos de utilizá-la ou, se necessário, até repaginá-la sem distorcer suas características originais”.
Ana Paula também ressalta a importância de procurar profissionais de arquitetura que trabalham explorando esta técnica e que podem ajudar a encontrar novas formas de utilizar a peça ou trazer sensações para dentro de casa.
“Tudo começa com uma boa conversa com o cliente, quando preciso falar sobre esta lembrança e compreender os anseios do morador. Assim, utilizamos nossas ferramentas e criatividade para concretizar na residência da melhor forma possível”, explica Ana Paula, da Manarelli Guimarães Arquitetura.
Benefícios pessoais e pertencimento:
Decorar com emoções faz uma ligação direta com a questão de pertencimento no lar.
Sentir-se parte de um lugar traz benefícios intangíveis para o morador.
Para a arquiteta Beatriz Ottaiano, sócia da doob Arquitetura, as peças que trazem um valor afetivo merecem um lugar especial no ambiente.
Em seu apartamento, em São Paulo, Beatriz resgatou o cavalinho que fazia parte das suas brincadeiras de criança e o transformou em um apoio importante no estar.
“Antes disso, ele foi levemente restaurado e atualmente serve de apoio para objetos e revistas”, revela a arquiteta.
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