Apartamento de frente para o mar, vê-se o Museu de Arte Contemporânea com o Pão-de-Açúcar ao fundo.
Impossível não lembrar a letra da canção do Tom Jobim vendo essa vista, mesmo que não sendo a mesma que inspirou a música.
Mas a vista desse apartamento de frente para a praia do Ingá e o Museu de Arte Contemporânea (MAC/Niterói, projetado por Oscar Niemeyer), com o Pão-de-Açúcar (cartão postal do Rio de Janeiro) ao fundo, merece também uma música.
Com área total de 225m² e projeto da arquiteta Amanda Miranda, o imóvel teve como principal modificação a remoção da parede que separava a sala da varanda, não só para promover a máxima integração e unidade visual dos espaços como também para deixar a linda vista ao alcance dos olhos de qualquer ponto da área social.
A família, casal com uma filha, trocou um apartamento menor, onde morava, por este mais amplo. Inicialmente, os moradores buscavam uma cobertura, mas, quando visitaram este apartamento, se apaixonaram tanto pela vista que rapidamente mudaram de ideia.
Antes de fechar a compra, o casal chamou a arquiteta para validar se seria possível integrar a varanda com a sala. Os moradores são clientes antigos da arquiteta, que reformou a casa deles em Búzios há alguns anos.
Pedido especiais dos moradores que nortearam o projeto: o pedido mais importante foi a integração total da varanda com a sala, eliminando a parede que antes separava os dois ambientes.
O marido, que é apaixonado por vinhos, pediu um ambiente com função de adega, devidamente climatizada, que foi alocada no antigo escritório.
A adega foi projetada para armazenar até 400 garrafas.
Nunca houve a intenção de colocar o apartamento abaixo (já que o imóvel estava novo e tinha bons pisos e acabamentos), e sim de imprimir nele a personalidade e as necessidades da família, incluindo uma cozinha mais moderna e funcional.
Conceito/inspiração do projeto: criar um ambiente leve e descontraído como os moradores, com a varanda 100% incorporada à sala; criar uma atmosfera sofisticada, mas sem frescura, com espaços ao mesmo tempo bonitos e funcionais.
Na cozinha,buscando um mimetismo, a arquiteta optou por revestir a bancada em porcelanato cinza, mesma cor dos armários e da cuba. A pedido da cliente, utilizou armários superiores com básculas de vidro e criou uma bancada de refeição e uma prateleira suspensa com plantas e iluminação embutida, em madeira, mesmo material do painel da parede, que já existia ali e que foi mantido.
“O uso de plantas naturais no ambiente foi de extrema importância para criar um clima mais acolhedor e natural para um espaço que não tem muita comunicação com o exterior”, conta Amanda.
A arquiteta privilegiou texturas de elementos naturais, como a madeira, presente nos painéis das paredes, e a pedra, presente na estampa do revestimento Pietra Lombardi off White, da Portobello. Esses materiais dão a sensação de continuidade da natureza lá fora, reforçada pelo paisagismo de Clarice Perroni, que criou um minifloresta em vasos próximo à janela da sala.
Os estofados ganharam tecidos em tons claros, fazendo referência à areia da praia, com toques de azul nos tapetes, almofadas e pufe, em alusão ao céu e ao mar.
“Acho que até pela situação do isolamento social provocado pela pandemia, a busca por elementos naturais foi se intensificando no decorrer da obra e acabou refletida em todo o apartamento. Principalmente, na questão da biofilia, pois levamos plantas naturais para todos os cômodos, inclusive a cozinha, como forma de proporcionar uma sensação de bem estar aos moradores”, explica a arquiteta.
Ponto alto deste projeto, segundo a arquiteta: a sala, que se integra com a natureza e a vista ao redor, ganhando um ar de casa, de ambiente externo, mesmo sendo um apartamento.
A minifloresta em vasos instalada próximo à janela da sala reforçou essa conexão da arquitetura de interiores com a natureza.
Outro detalhe bacana do projeto é o acervo de obras de arte do cliente, espalhadas pelo apartamento, de artistas como Marcelo Pacheco, Matheus Chiaratti, Thainan Castro, Julia Brandão, Victor Mizael, Diego de Santos, Marcos Duarte e Paul Setúbal.
Do que você, como profissional, mais gosta nesse projeto?
“Gosto do resultado desta conexão que buscamos da arquitetura com a natureza e de como isso foi impactante na vida dos meus clientes, mudando a vida deles. Pra mim, o mais gratificante é ver que, de alguma forma, meu projeto proporcionou bem estar e melhorou a qualidade de vida dos moradores”, conta Amanda Miranda.
“No início da obra, que coincidiu com o início da pandemia e isolamento social, a família preferiu ficar na casa de Búzios para ter mais contato com a natureza do que no antigo apartamento. Agora, os moradores não querem mais saber de Búzios”, brinca ela.
Fotógrafo: Denilson Machado, do MCA Estudio
Produção visual: Simone Raitzik
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Celina Mello Franco