Casa de campo em Araras, na Serra de Petrópolis, é refúgio em meio à natureza. Dividido em casa principal e casa de hóspedes, o projeto se destaca pela estrutura em aço e madeira, com quartos e salas que se abrem para o entorno
Um casal carioca e seus dois filhos, um menino de 10 anos e uma menina de 6 anos, buscavam uma casa de campo para passar as férias e finais de semana na região de Araras, em Petrópolis, quando recorreram ao escritório Ao Cubo Arquitetura, dos arquitetos Edna Maeda, Lessa Rust, Paula Paiva e Pedro de Hollanda.
“Eles estavam na dúvida e nos chamaram para ajudar na escolha do terreno antes de comprar”, conta Lessa Rust, que já conhecia os clientes. Em seguida, iniciou-se o projeto da casa, no terreno de 20 mil metros quadrados, cercado de verde. Em um primeiro momento, foi construída a casa de hóspedes, com a intenção de fazer a casa principal em uma segunda etapa.
Para a casa de hóspedes, que seria uma forma de usufruir o espaço enquanto construíam a casa principal, os clientes desejavam uma casa plana com telhado e apoio de cozinha integrado à sala, com dois quartos. Foram usadas pedras na fachada, tanto em função do aspecto estético, como também para não ter manutenção constante, conforme solicitado pelo cliente.
A estrutura metálica foi pintada em verde, para mimetizar em meio à natureza, com esquadrias em madeira. Já as portas externas dos quartos, no mesmo material, conferem privacidade, eliminando a necessidade de cortinas.
“Nos interiores, achamos importante explorar o forro aparente e o piso em madeira, para aquecer a casa. Nos banheiros, fizemos meia parede em cerâmica artesanal e adotamos cimento queimado no piso e na bancada, além de usá-lo também na bancada da cozinha e móvel da TV, para manter a linguagem entre os cômodos. Já as portas internas foram pintadas na cor verde”, descreve Edna Maeda.
Na segunda etapa, para a casa principal, os arquitetos precisaram desenvolver um novo projeto, que atendia melhor as necessidades e os hábitos que os clientes adquiriram no local, usufruindo da casa de hóspedes e do terreno.
“No projeto original seriam dois blocos separados. No entanto, os clientes solicitaram posteriormente a integração das duas casas, formando um corpo só. A área de passagem se tornou uma varanda complementar, muito usada pela família”, explica Lessa.
Os clientes pediram para a nova construção três quartos e uma cozinha maior, com possibilidade de integrar ou isolar o cômodo em função do uso. Também desejavam novamente uma lareira na sala e um apoio de churrasqueira, que pudessem fechar nos dias frios. Visualmente, foram mantidas as características da casa de hóspedes, para criar uma unidade entre elas, com pequenas alterações. Entre elas, as bancadas da cozinha e da churrasqueira, que ganharam tampo em granito preto, e as esquadrias das portas externas passaram a ser em alumínio, para compensar as variações da madeira com a mudança de temperatura.
Uma curiosidade da casa principal é a área gourmet integrada ao estar, com um passa-pratos, com janela de correr, para a cozinha. “Esse formato se deu para atender à necessidade do cliente de usar esse espaço mesmo em dias muito frios, contando com o apoio próximo da cozinha, sem a necessidade de aumentar a área da casa. Também permite o uso independente da cozinha da casa e da área da churrasqueira”, explica Paula Paiva. Outro destaque são as luminárias desenhadas em aço corten, de forma a se camuflarem no forro de madeira.
Entre os pontos em comum, nas duas casas, os quartos são voltados para o exterior. “Nosso objetivo era que a pessoa pudesse sair direto para o terreno no momento que desejasse, mas também existe um acesso para as áreas sociais através de um corredor interno”, conta Pedro de Hollanda. A construção foi implantada de forma a contemplar o terreno e o jardim, eliminando a sensação de frente ou fundos da casa.
“Nos orgulhamos do resultado, que teve o desafio de integrar os dois blocos modificando completamente o projeto original da casa principal, após a casa de hóspedes já estar pronta. Além disso, desenvolvemos o projeto com o mínimo de interferência no terreno, incorporando ao máximo a construção na paisagem, sem sobrepor à beleza do entorno”, finaliza Edna.
Ficha técnica;
Projeto: Ao cubo arquitetura
Produção visual: Simone Raitzik (casa de hóspedes)
Paisagismo:1ª etapa – Viviane Menescal / 2ª etapa – Gustavo Martinelli
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Celina Mello Franco