A revolução de gênero no mercado da arquitetura de interiores

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Estamos vivendo em uma época de revolução de gênero com os papéis tradicionais sendo desafiados, seja pelos avanços da ciência e da tecnologia, como também pelas mudanças culturais decorrentes da evolução da política sexual e das representações de gênero.

A identidade está cada vez mais definida por manifestações visíveis de sexualidade ou falta dela.

Os arquitetos e designers, que devem se concentrar nas questões da sociedade, precisam trabalhar dentro desse discurso e ajudar a promover a aceitação e a mudança, promovendo a criação de ambientes com neutralidade de gênero.

Uma nova onda feminista surge para garantir direitos igualitários e derrubar a hierarquia de gênero no local de trabalho, com espaços criados para atender a lógica modernista, enraizada no design como um movimento moldado por uma perspectiva predominantemente masculina.

Historicamente, os homens ocupavam cargos de poder nos escritórios, de modo que as necessidades masculinas ditavam o design dos espaços nobres, enquanto as secretárias femininas ocupavam áreas auxiliares.

O modelo modernista de produção em massa, emparelhado com esse paradigma masculino, persiste mesmo na era da informação de hoje, ignorando o fato de as mulheres estarem se tornando mais proeminentes em posições de poder.

É chegada a hora de encarar essa distopia, com os profissionais de arquitetura e design assumindo as mudanças da sociedade, possibilitando a criação de espaços que acomodem não apenas um grupo de pessoas ou um gênero específico, mas devem começar a incorporar a sensibilidade de gênero em seu trabalho.

A revolução de gênero é real e a medida que a androginia se torna a norma atual, as indústrias da moda e da beleza são as primeiras a aceitar plenamente este fenómeno, enquanto que os processos no campo da arquitetura e design de interiores são muito mais lentos.

O que se supunha sobre gênero está mudando à medida que os indivíduos começam a se identificar independentemente do sexo que lhes foi atribuído no momento do nascimento.

Universitários começaram a não especificar seu gênero em formulários e as escolas e faculdades precisam se adaptar a essa mudança social que é disruptiva, seja em uma empresa ou em um ambiente educacional.

A “inovação disruptiva” (termo empregado no campo das novas tecnologias e que a representa a geração millennial) que surge acompanhada da revolução de gênero, deve ser abraçada.

Com isso, os banheiros tornaram-se o foco inicial da mudança e para acomodar todos os indivíduos, grandes corporações como o Google estão adotando banheiros neutros ou unissex, além dos convencionais, para permitir que todos os funcionários se sintam confortáveis, seguros e incluídos.

A discussão sobre o assunto já se iniciou por aqui, como visto recentemente na CASACOR São Paulo 2018, no ambiente “WC No Gender”, do arquiteto Lisandro Piloni.

Em 30m², o arquiteto faz uso das cores – com grafismos e estampas inspirados nos anos 80’, as cabines com identidade visual que estimula a discussão de gênero possuem intervenções artísticas com reflexões sobre o corpo, além do uso de espelhos como um espaço de contemplação e aceitação pessoal.

Para finalizar, um neon Whatever You Want (“O que você quiser”, em inglês) salta aos olhos e mostra que não há espaço para retrocesso sobre o assunto.

Veja a matéria: PILONI ARQUITETURA ESTRÉIA NA CASACOR SP COM O WC NO GENDER

Parede do banheiro da Piloni Arquitetura para CasaCor SP
Ambiente “WC No Gender”, do arquiteto Lisandro Piloni, para CASACOR São Paulo 2018 (Marco Antonio/CASACOR)

 

Ambiente “WC No Gender”, do arquiteto Lisandro Piloni, para CASACOR São Paulo 2018 (Marco Antonio/CASACOR)

 

O arquiteto Lisandro Piloni nas cabines do “WC No Gender” para CASACOR São Paulo 2018 (Instagram @piloniarquitetura)
O arquiteto Lisandro Piloni nas cabines do “WC No Gender” para CASACOR São Paulo 2018 (Instagram @piloniarquitetura)

 

Com essa geração que surge altamente tecnológica, questionadora de direitos e com vontade de provocar mudanças significativas na estrutura tradicional da sociedade, também está aderindo a neutralidade de gênero nos ambientes residenciais, como por exemplo nos quartos infantis, proporcionando um novo pensamento no design de interiores quanto aos quartos de bebê.

Esses ambientes estão sendo pensados para que crianças não tenham desde cedo o estímulo do que é de menino e o que é de menina, havendo a possibilidade dessas crianças se desenvolverem em um ambiente menos opressor e livre de preconceitos, com o uso de cores, estampas, grafismos, sobreposições e muita criatividade, como feito por mim para o programa Missão Design, no canal GNT, no qual fui ganhador do episódio 15 com o projeto de um quarto de bebê sem gênero.

Veja o programa Missão Design, clicando aqui.

Ambiente criado pelo arquiteto Fabiano Ravaglia para o programa Missão Design (Foto: Rafael Morsi/Divulgação/GNT)
Ambiente criado pelo arquiteto Fabiano Ravaglia para o programa Missão Design (Foto: Rafael Morsi/Divulgação/GNT)

O momento dos profissionais de arquitetura e design de se adequarem é agora, a revolução de gênero já é realidade e reproduzir antigas práticas projetuais soa como desconectado do presente.

É muito além de modismos ou tendências, é uma questão de compromisso social e moral se antecipar ao movimento e começar a criar espaços neutros de gênero desde já.

https://www.youtube.com/watch?v=US5TuJNqItU

 

 

Fabiano Ravaglia

 

TAG: Arquitetura Sem Gênero

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