Prédio em estilo art déco, e decoração com história, inspirou projeto de reforma e decoração com toque tropical assinado pelo arquiteto Francisco Viana.
O antigo edifício em estilo art déco, cheio de história, no Flamengo, projetado em 1937 pelo arquiteto Firmino Saldanha, foi fonte de inspiração para o projeto de reforma e decoração de um de seus apartamentos, assinado pelo arquiteto Francisco Viana.
O imóvel de 120m², com vista para o Pão-de-Açúcar, pertence a um casal de acadêmicos na faixa de 50 anos, sem filhos.
Todos os cômodos do apartamento foram trabalhados e a planta reconfigurada.
O novo layout apresenta um amplo living, com espaços integrados para trabalho e refeições que se estende à cozinha.
A cozinha estreita, tipo corredor, agora dá acesso à suíte de hóspedes.
Já a decoração ganhou um toque tropical em estilo art déco aprovado pelos moradores, porém permeado de um colorido menos intenso.
“Optei por um suspiro art déco tropical, como se fosse observado à sombra de palmeiras e frondosas árvores. Nos interiores a meia-sombra predomina, com paredes revestidas em tons de cinza quente, próximo do tradicional tom francês eau-de-Nil”, conta Viana.
Um dos desafios do projeto foi acomodar a extensa biblioteca do morador, que exigiu cada centímetro possível de espaço aproveitável.
Para isso, o arquiteto criou estantes com portas de vidro e desenho que dá continuidade visual à forração das paredes do living e jantar, cobertas por painéis de boiseries.
Outra premissa solicitada pelo proprietário foi conservar um painel de azulejos com a imagem de São Sebastião, para o qual Viana criou um desenho geométrico no painel de boiserie, formando uma moldura e integrando a imagem em novo contexto visual.
O piso da área social ganhou revestimento especialmente desenhado pelo arquiteto, em um material bastante explorado no período art déco, conhecido por granitina ou granilite – um composto de pedra granulada, que pode ser granito ou mármore, e cimentício pigmentado.
“As variações ocorrem em função da pedra utilizada, da dimensão dos grãos e do pigmento. Por ter grande resistência e durabilidade aliadas ao custo reduzido, este material popularizou-se ao longo do tempo”, explica Francisco Viana, que usou três tons do material para criar a paginação e juntas em latão oxidado, o que garante maior resistência e refinamento.
Já os tacos em peroba que antes revestiam o antigo piso do living foram reaproveitados para revestir os pisos da área íntima. “Optei por desenhar uma nova paginação com motivo que sugere um entrelaçamento, num padrão de cestaria. Para isso, também foram utilizados os tacos de imbuia escura que compunham as molduras do antigo piso das circulações, cortados em pequenos quadrados”, descreve o arquiteto.
Outros elementos que fazem referência à estética art déco são as arandelas em metal escuro, desenhadas pelo arquiteto, e o vitral que dá para o hall do elevador social, com desenho geométrico e vidros com diferentes texturas e graus de transparência.
Já o mobiliário contemporâneo ecoa o geometrismo da época e traz o toque tropical através das cores vibrantes, como o sofá com tecido em algodão na cor uva e almofadas com degradê do tom berinjela ao laranja. Nas suítes, mantas e almofadas em padrão étnico conferem pontos de cor à base neutra.
Celina Mello Franco
Liliane Abreu
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