Os alunos do curso de Design de Interiores da Universidade Candido Mendes, em Ipanema, tomaram conta do Atelier Fernando Jaeger! Tudo por conta da mostra “Entre, Palavras’”, que vai ocupar o casarão da rua Corcovado, no Jardim Botânico, até 15 de fevereiro de 2025. A proposta do evento foi lançar o desafio, para os alunos criarem uma decoração surpreendente em cinco ambientes da casa, além da loja VITRINE, tendo o tema LIVROS como inspiração.
A mostra “Entre, Palavras’” conta com cinco ambientes decorados e produzidos por 20 alunos do último período do curso de Design da Candido Mendes – divididos em grupos -, com a mentoria do arquiteto Pedro de Hollanda, professor da turma e sócio do Aocubo Arquitetura.
Cada ambiente tem uma dupla de escritores como inspiração. São eles, Itamar Vieira e Martha Batalha; Arnaldo Antunes e Ferreira Gullar; Torquato Neto e Hilda Hilst; Fernanda Young e Carla Madeira; Cartola e Matilde Campilho; Ana Cristina César e Manoel de Barros.
“ Queríamos que os autores que inspiram os espaços e os livros, em si, fossem parte integrante do visual de cada ambiente. A ideia é trabalhar com palavras em diferentes formas e formatos”, afirma Regina Kato, dona da marca e curadora do evento, ao lado da jornalista Simone Raitzik, que reforça a proposta: “Incentivamos os participantes a montarem espaços permeados de personalidade”.
OS AMBIENTES
“O Silêncio” (Sala de estar) – Homenagem a Cartola e Matilde Campilho
Este espaço não é apenas um ‘lugar de silêncio’, mas uma ode ao silêncio. Uma sala de estar que convida ao recolhimento, ao mesmo tempo, em que exibe as marcas do desajuste e das pedras que compõem toda jornada.
O conceito minimalista é traduzido através de uma linguagem com paleta em tons neutros e uso de materiais que evocam a natureza. Em destaque, no ambiente: uma árvore flutuante, simbolizando nossa “semente interior”, que, ao ser cuidada, floresce e se torna vigorosa. Uma estante cobre uma das paredes, enquanto as demais superfícies ganham pintura artística, com efeito desgastado.
Obras de arte introduzem toques de cor, criando pontos de interesse. Sofás, bancos, mesas de centro e laterais, poltronas e luminárias são dispostos de forma a convidar à contemplação e ao acolhimento.
Criação dos designers acima: André Vieri, Fabrícia Moubayedie e Mariana Betting
“Ousadia & Transgressão” (Sala de Jantar) – Homenagem a Hilda Hilst e Torquato Neto
Para abraçar a intensidade, a profundidade emocional e a transgressão da vida e da arte de Hilda Hilst e Torquato Neto, as designers usaram na sala de jantar tons intensos e fortes. Criam ali a brincadeira de um jantar fictício, onde os autores trocam suas visões de mundo.
As obras de arte, escolhidas a dedo, ajudam a contar a história dos personagens, acolhendo seu erotismo, sua volúpia e a possibilidade de aprofundar através do quadro/escultura de Suzana Queiroga. O papel de parede repleto de cajus traz o merecido encontro com o Torquato nordestino. Aquele lembrado para sempre na canção de Caetano Veloso.
É um convite para sentar-se à mesa redonda – com os pratos de Gustavo Portela e iluminado pelas luminárias de crochê de fio de cobre da Oryba Brasil – o ponto focal da sala, o lugar do encontro, onde tudo pode ser aqui.
As designers produziram o ambiente com objetos que, através de uma observação mais apurada, mostram as manias e o cotidiano desses dois personagens tão relevantes para a literatura brasileira.
Criação: Ana Luiza Saboia, Isabela Alvim, Daniele Alcantara e Kiki Arruda
“Tramas & Raízes” (Sala de leitura) – Homenagem a Itamar Vieira e Marta Batalha
Inspirado nas obras dos autores Martha Batalha e Itamar Vieira, o ambiente traz uma atmosfera especialmente acolhedora, o pouso para a persona escritora e criativa da moradora. Na estante, um mix de coleções de arte popular brasileira se misturam a fotos, livros e peças antigas, refletindo um espaço plural, repleto de personalidade, e onde as narrativas estão presentes. Destaque para a luminária-arte de Antonio Medeiros.
Criação das designers acima: Bel Tinoco, Adriana Góes e Angélica Miranda
“Oásis urbano” (Varanda e Jardim) – Homenagem a Arnaldo Antunes e Ferreira Gullar
Inspirada pela obra de Arnaldo Antunes e Ferreira Gullar, a varanda explora a dualidade entre movimento e introspecção, capturando a essência do convívio e da contemplação. Os visitantes são convidados a uma experiência sensorial onde a natureza e a cidade se encontram em perfeita harmonia. A paleta de cores privilegia verde, ocre, madeira e grafite, refletindo a harmonia entre o natural e o urbano, aliando peso e leveza, em doses equilibradas. No teto, destaque para a luminária com descartes de plástico da Pirilampos.
Criação: Maitê Chalfin, Crosara, Camila Petterle e Cris Marto
“O Caos” (Quarto) – Homenagem a Carla Madeira e Fernanda Young
O projeto reúne aconchego, sofisticação, intensidade e, ao mesmo tempo, o maximalismo, através da paleta de cores e da diversificada curadoria de obras de arte e objetos garimpados. O olhar é atraído pela parede que reúne memórias, como um álbum exposto e revela o real e o imaginário que transborda na escrita de Fernanda e Carla. Destaque para a móbile-arte de Virgilio Bahde.
Criação: Cândida de Moraes, Carolina Guimarães e Flávia Duarte (Participação especial: Manuela Rodrigues e Francine Fernandes)
“Nossas avós sabiam que a lua não fica cheia em um dia” (Corredor)
A proposta foi valorizar especialmente a arquitetura generosa da casa centenária, com sancas e pé direito alto. Teto e paredes brancos dão destaque a obra “Nossas avós sabiam que a lua não fica cheia em um dia”, das artistas cariocas, e irmãs, Alice e Gabi Gelli. Frases escritas com letras feitas de crochê de linha azul, presas por pequenos alfinetes, são resultados de uma pesquisa da dupla sobre a perspectiva do encontro, da troca e do tempo.
“O vazio” (Vitrine Von Martius) – Homenagem a Ana Cristina César e Manoel de Barros
No desimportar dos significados das palavras de Manoel de Barros ao diálogo quase monólogo e intimista de Ana Cristina César, parece haver um vazio. Ou melhor, parecem brotar múltiplos vazios. O projeto da vitrine encontra nesses vazios a simplicidade das formas primitivas e orgânicas como é o pulsar da poesia. As cores se manifestam na areia, nas folhas, no barro do tijolo ou na textura da madeira de nossa ancestralidade.
Criação dos designers acima: Ana Luiza Saboia, Cris Marto e Renato Estrella
Mentoria: Pedro de Hollanda, professor da turma e sócio do Aocubo Arquitetura.
Exposição: Entre, Palavras – Atelier Fernando Jaeger – Rua Corcovado 252 – Jardim Botânico
Vitrine Fernando Jaeger -Rua Pacheco Leão 320 – Bloco A – Loja F* (Ao Lado Do La Bicyclette)
Horário de Funcionamento: de segunda a sexta, de 10h às 19h
Sábado, de 10h às 15h
Até 15 de fevereiro de 2025
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Celina Mello Franco
