E de repente, o mundo todo começou a falar de Halston. Afinal, o que é? Quem é? Que apito toca? É cringe*?
Se você sabe o que é cringe (e em breve vai ser cringe falar cringe), com certeza nunca ouviu falar no fashion designer americano Roy Halston Frowick (1932 – 1990), incensado recentemente através da série da Netflix “Halston”. Alguém já viu? É o talk of the town ainda que tenha sido lançada há mais de um mês.
Para quem começou fazendo chapéus para mulheres e homens em 1957, a fama veio na forma do pillbox* que desenhou em 1961 para Jacqueline Kennedy usar na posse de seu marido. Não demorou para que chapéus saíssem de moda e Halston focou seu talento em roupas, tendo desenhado o figurino de todos os funcionários da companhia aérea Braniff*, entre outros trabalhos que destacaram seu talento. Na moda ele lançou os caftans* confortáveis, o tyedye, os vestidos de ultrasuede e integrou o cast de costureiros americanos que participou junto aos mais famosos nomes europeus de um desfile no Palácio de Versalhes.
Mas o sofisticado criador era mais talentoso e avant garde* ainda quando se fala da decoração de seus interiores. Em 1974 ele comprou uma casa em Manhattan que é um dos landmarks* da cidade: originalmente uma carriage house* da metade do século XIX na Rua 63 East que foi totalmente reformada pelo arquiteto Paul Rudolf (1918 – 1997) nos anos 1960 transformando-se numa townhouse* modernista, com detalhes arrojados e uma escada flutuante. Quando Halston a comprou quis que ficasse com o mesmo layout de quando foi reformada e chamou o próprio Rudolf para fazer o trabalho.
A casa era famosa também por ser palco de festas legendárias, frequentadas pelo jetset* da época que incluía Andy Wharol, Liza Minelli, Elza Peretti, Bianca Jaegger e outros amigos da era da cultura pop e da “disco”. Virou quase um personagem, a one o one, (referência ao nº 101 da rua) e uma extensão do badaladíssimo Studio 54*, onde caviar, álcool e cocaína eram presenças constantes.
Seus interiores eram minimalistas, provavelmente para deixar que os convidados se destacassem e não havia interferência de cores fortes a não ser pelas obras de arte, cerca de 400, que Halston adorava. O branco e uma paleta de cinzas, eram suas cores preferidas e sempre havia orquídeas, muitas orquídeas, tanto em suas casas quanto em seu showroom. Este ficava no 21º andar de um arranha céu na Quinta Avenida, com pé direito enorme e panos de vidro que descortinavam a vista da cidade, inclusive a Catedral de Saint Patrick, com espelhos para refletir a paisagem. O interior? Pelas pesquisas o vermelho – ou seria cereja? – predominava, e era aí que mostrava toda a dramaticidade de sua personalidade.
Halston também tinha sua casa de praia em Montauk, para onde se dirigia com frequência. Redecorou inteiramente a residência, usando estofados de telas brancas mas um dos detalhes que mais chamava atenção eram as estantes. Como não gostava da interrupção visual das lombadas dos livros, de cores e estampas variadas, virava os livros ao contrário, só deixando à mostra as folhas, para criar um look mais tranquilo.
Se ficou curioso (a) para saber mais – e tem muito mais a descobrir sobre Halston -, assista à série ou aos documentários sobre um dos estilistas que elevou a moda americana ao nível internacional.
Talvez valha a pena um pequeno glossário para os que chegaram depois dos anos 80.
* cringe – pagar mico, fora de moda, vergonha alheia (essa é para os baby boomers)
* pillbox – chapéu que parecia uma caixinha de pílulas
* Braniff – companhia aérea norte-americana que voou de 1930 até 1982
* caftans – túnicas tradicionais usadas no Oriente Médio
* avant garde – vanguarda
* landmark – marco
* townhouse – residência urbana
* carriage house – cocheira
* Jet set – alta sociedade – celebridades
* Studio 54 – night club novaiorquino, aberto em 1977, que era o point mais cobiçado das noites de Manhattan
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