O arquiteto Francisco Palmeiro tem um dom de misturar “de tudo um pouco” e ter um resultado colorido, incrível e harmônico.
Hoje vou mostrar o novo apartamento, ou melhor, o loft do Francisco (70m2), localizado no Posto 5, em Copacabana, repleto de peças de valor afetivo e com estilo que passeia pelo industrial, flerta com o bo-ho chic , tem muito do Urban Jungle…o tal “de tudo um pouco” que da certo sem ter rotulo definido.
Ele acaba de finalizar uma grande reforma que transformou a planta originalmente com dois quartos, sala, cozinha e dependências em um espaço com ambientes totalmente integrados. “Logo na primeira visita que fiz ao imóvel vi potencial para uma transformação radical”, lembra ele.
Ao demolir as paredes, Francisco criou um jardim de inverno, delimitado por um piso frio de cor clara que se estende por toda a parede da fachada, “abraçando” três janelas com vista para o mar de Copacabana. A integração dos espaços também favoreceu a entrada de luz natural em áreas antes escuras, de onde hoje se tem, inclusive, a vista do céu, já que o apartamento fica no penúltimo andar do prédio.
Como todos os itens que compõem a decoração já eram do acervo do morador, Francisco concentrou seus investimentos em novos estofados, marcenaria, serralheria, instalação de luminárias, espelhos e finalização do paisagismo. “O fato de eu ser o proprietário me deu total liberdade no processo de criação. Anteriormente, o imóvel era um espaço convencional, compartimentado. Atualmente, é uma residência diferenciada, com circulação e muita personalidade”, avalia ele.
O arquiteto acredita que sua casa não tem um estilo definido, já que o décor mescla desde mobiliários que nos remetem a tempos diversos, heranças familiares, objetos de proporções variadas até quadros de artistas contemporâneos, gravuras e estampas com padronagens variadas (inclusive étnicas), além das paredes pintadas de verde Palmeira e portas pintadas de verde Serra Gaúcha.
“A mesa de canto em Pinho de Riga que ganhei de meu pai, a escrivaninha de estilo neoclássica da vovó e a mesa de centro do designer italiano Willy Rizzo que ganhei de minha tia, a arquiteta Heloísa Prado Lopes, são os meus principais xodós. A cristaleira art deco da cozinha foi o primeiro móvel que adquiri, quando eu tinha 28 anos. Também tenho um afeto muito especial por ela”, enumera ele.
No apartamento também é possível encontrar vários objetos produzidos a partir de garimpos em caçamba de lixo e restos de obras, como o nicho aéreo de fundo espelhado, acima da cama, que expõe uma coleção de esculturas de galinha d’Angola.
Francisco destaca ainda as paredes que foram descascadas e hoje são de concreto aparente e as chapas de aço (também aparentes) usadas no reforço estrutural do vão, em contraste com o papel de parede do lavabo, com estampa criada pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid. “Toda essa mistura de referências produz um ambiente acolhedor que não aceita rótulos e ainda possibilita escolhas diversas, conforme o olhar de quem observa”, avalia.
Aa concepção do jardim de inverno é de autoria de seu companheiro, o coreógrafo e paisagista João Saldanha, que tem sua própria casa em Maricá (Região dos Lagos do Rio de Janeiro). O espaço é composto por 21 vasos de diferentes proporções. A palmeira Licuala e as bromélias são as espécies prediletas do morador.
Fotógrafo: Juliano Colodeti, do @mca_estudio.
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Celina Mello Franco