O que têm em comum a rainha Victoria e o psiquiatra Sigmund Freud?
Quebrou a cabeça e não conseguiu encontrar a resposta?
Pois durma-se com um barulho desses: é o sofá Chesterfield, aquele grande, confortável e capitonê (ou botonê, cheio de botõezinhos), preferido pelos dois e que de tão famoso, acabou sendo o termo usado pelos canadenses durante muito tempo para denominar qualquer sofá.
Tem gente que torce o nariz e acha que hoje em dia fica difícil encontrar um lugar para colocá-lo, mas é só consultar o mercado para ver a diversidade que existe.
Uma das peças mais identificáveis da decoração, o modelo, de cara, nos transporta para os clubes masculinos londrinos, sisudos e cheios de classe. Ou de escritórios luxuosos.
Aliás, sofás eram móveis elitistas até a chegada da era da industrialização quando passou a ser imprescindível também nas classes média e baixa.
Alguém hoje imagina como seria sem eles assistir séries e filmes em casa?
Dizem os escritos que a peça data dos anos 1800, mas corre o boato de que foi Lorde Phillipe Stanhope, o 4º Conde de Chesterfield (1694-1773) aristocrata e trendsetter, que teve a ideia de pedir ao seu marceneiro que fizesse uma peça onde um cavalheiro pudesse sentar-se sem amarrotar a roupa.
Se não é verdade, a história é muito boa. E very “british”. Se achou pouco, outra versão conta que o mesmo conde, em seu leito de morte, recebeu a visita de Salomon Dayrolles, diplomata e apreciador das boas coisas da vida. Mandou que o mordomo lhe oferecesse um lugar para sentar. Confuso, o empregado disse a Dayrolles que levasse o sofá consigo. Foi o que bastou para tornar a peça, diferente da que conhecemos hoje, num ícone. As visitas adoraram e mandaram repeti-la em suas próprias versões.
E aqui entra a Rainha Vitória. Durante seu reinado o conforto passou a ser muito importante e foi nessa época que o sofá tomou a forma com a qual a conhecemos: braços arredondados e com a inclusão do capitonê, fazendo desenhos geométricos. Foi um verdadeiro furor e praticamente todas as famílias ricas passaram a tê-los forrados de couro ou de veludo para combinar com a decoração luxuosa das casas.
E Freud? Onde entra?
Era nas poltronas Chesterfield que o pai da psiquiatria botava em prática suas teorias. Ao menos no começo. Seu neto, o artista plástico Lucien Freud (1922-2011) usou a peça em várias de suas telas, sendo a mais interessante a Bella e Esther, onde retratou suas duas filhas reclinadas numa Chesterfield.
Hoje em dia o estilo continua a fazer sucesso e se desdobra em cadeiras, poltronas, cabeceiras de cama e até mesmo mesinhas que podem ser feitos em medidas menos generosas. Os revestimentos também são variados, apesar do couro se destacar como preferido.
O arquiteto Ronald Goulart tem uma teoria sobre o estilo.
“Mais que um conceito estético, um sofá Chesterfield me remete a uma ideia de conforto. Suas formas e o aspecto da maciez do capitonê fazem com que ele pareça “se abrir” para nos acomodar. Há uma memória de conforto quando simplesmente olhamos para essa peça.
Eu o vejo como um colo de avó… Mas para os que acham que só pode ser usado numa decoração clássica, aviso que é um enorme engano. Pode ser usado em vários estilos de decoração existindo sofás bem contemporâneos que usam esse capitonê como artifício para trazer conforto.
Lembro de um cliente que me pediu um sofá verde para seu escritório. Fiquei curioso para saber o motivo da escolha da cor pois ela não combinava com a paleta escolhida. Descobri que, na verdade, ele amava um sofá da sala de espera de seu médico, que era um Chesterfield verde e associou a cor ao conforto e não ao estilo. Acho que é essa a principal marca dessa peça que há anos nos aconchega“.
Freud explica.
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