Você provavelmente já viu em algum lugar pratos que reproduzem um rosto de mulher em várias situações. Ainda não? Pois siga aqui a coluna para conhecer a obra do artista italiano Piero Fornasetti (1913 – 1998), um dos mais profícuos do século XX. Nascido em Milão, Fornasetti era pintor, desenhista, designer gráfico e de produto. Era dotado de uma fina ironia e conseguia transformar simples objetos do cotidiano em arte, circulando entre o real e o imaginário.
Ele fundou seu atelier em 1940 e ficou sendo uma referência para muitos artistas de sua geração, sendo o primeiro a imprimir litografias do pintor italiano De Chirico (1888 – 1978), considerado o precursor do Surrealismo. Suas técnicas conquistaram o mercado por ser uma das mais inovadoras permitindo que ele conseguisse belos efeitos gráficos. Fez uma duradoura parceria com o arquiteto e designer italiano Gio Ponti (1891-1979) especialmente na área de decoração de interiores abrangendo não só casas e apartamentos, mas também auditórios e cabines de navio, como da Companhia de Navegação Andrea Doria.
Ao longo de sua carreira Fornasetti produziu em torno de 13 mil objetos inspirados nos afrescos da Renascença, de Pompéia, de Giotto, que causaram um deslumbramento instantâneo. De sua genialidade surgiram cômodas, vasos, pratos, papel de parede, velas perfumadas dentro de porcelanas pintadas, mantas e porta guarda-chuvas. E tudo era teatral, não apenas um objeto ordinário ou um móvel comum.
Mas foi em 1953 que ele criou um ícone que atrai milhões de pessoas até hoje. Folheando uma revista do final do século XIX, encantou-se com a foto de uma famosa cantora de Ópera, Lina Cavalieri, considerada como a mulher mais linda do mundo.
Aí começava o famoso “Tema e Variazioni”, onde o rosto de sua inspiradora aparece sob mais de 400 versões e continua a multiplicar-se. Ela pode surgir com uma abelha na ponta do nariz, dividida em duas, com um bigode ou com uma coroa de rainha. Sempre engraçada, misteriosa, sedutora, símbolo mais conhecido da obra do artista.
Sua originalidade misturava tempo e espaço, subvertia a ordem, criava mundos oníricos e apesar de ter ficado um pouco esquecido durante alguns anos, na década de 1970 abriu com um grupo de amigos a Galleria dei Bibliofili, onde exibia suas criações e de outros artistas contemporâneos. Foi nessa época que recomeçou a pintar, reproduzindo, ao seu estilo, frutas, corpos, cabeças e outros temas.
Depois de sua morte, em 1988, seu filho Barnaba continuou o trabalho do pai e conseguiu fazer renascer o interesse por sua obra. Uma retrospectiva de suas criações foi apresentada na Trienalle de Milão para comemorar o seu centenário e, para quem gosta de moda, vale dar uma espiada na coleção outono inverno 2021 de Louis Vuitton, capitaneada pelo estilista Nicolas Ghesquière, que incorporou desenhos de Fornasetti aos seus modelos.
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