Numa fase triste, a designer Monica Carvalho foi passear no mato, literalmente, para desestressar. Estava em Minas e em suas andanças conheceu a Cida, uma catadora de lenha e ficou encantada com o que poderia ser aproveitado da natureza.
Nessa época ela ainda dava aulas de inglês para executivos, mas, ao retornar, achou por bem, em paralelo, tentar suas habilidades no artesanato.
É bom contar que antes da tristeza e do artesanato ela já garimpava Antiques American Junk, que vendia em bazares e faziam o maior sucesso.
Foi logo depois que, arrumando a casa da amiga que estava dando uma festa para comemorar seus (dela) 40 anos, deparou-se com a foto de um amigo dos moradores que chamou sua atenção. Era de um alemão, Klaus Schneider, que havia morado no Brasil nos anos 1960.
Acabaram se comunicando por fax – ainda era assim – e um ano depois Monica foi até lá para conhecê-lo. Como diriam os franceses, foi um coup de foudre! Tinham a mesma visão de mundo e gostavam de natureza. Nunca mais se largaram e já estão juntos há 20 anos.
No Rio ele começou a produzir esculturas, móbiles e painéis em cedro fazendo uma dobradinha com ela no ateliê de Copacabana, no Bairro Peixoto.
“No começo eu trabalhava em São Conrado, numa casa com profissionais de várias áreas de decoração. Depois fui para outra casa no mesmo bairro, mas era muito úmido. Em seguida fui para o Horto, onde estive por mais de
cinco anos anos e agora me fixei aqui. Já completamos 10 anos” conta ela, que faz mil peripécias pelo Brasil afora.
Seu primeiro projeto- viagem foi através de um projeto da Pró-Natura na Guiana Inglesa onde existe uma mistura de culturas – negros e indianos onde desenvolveu com os ameríndios Macuches uma coleção de bordados e tear.
“Pensei que iria dormir numa rede mas acabei parando num resort de Bird Watchers chiquérrimo ao lado da aldeia, frequentado pelo Príncipe Charles.”
Nem tudo, porém é “primeira classe” .Em outro projeto, 5 by 20 da Coca-Cola, que durou 2 anos,usou o lixo da companhia para fazer uma coleção junto a comunidades produtivas de Parintins e do Rio Negro que foi comercializada pelo mundo desencadeando o empoderamento dos artesãos, gerando renda e perpetuando o patrimônio cultural do povo ribeirinho.
Em alguns lugares fica nas próprias aldeias e, aí sim, dorme na rede como eles. E adora. Ela também trabalha com os Krahô no Tocantins ,com os Parakanã no Xingu e com os Yawanawa , no Acre. Com eles, está desenvolvendo uma coleção de cestos de açaí com fundo de casca ou cerâmica adornados com os Kinés, grafismos corporais pintados.
Super bem humorada ela enfrenta às vezes três dias de viagem pegando avião, caminhonete 4×4 e barco a motor em trechos que podem durar até dez horas.
“No começo Klaus ia comigo, mas agora prefere ficar no Rio. Inspirado pelas viagens, ele fez móbiles dos bichos da floresta, lindos.”
Monica utiliza várias matérias primas: cipós,capins, jequitibá, jarina, açaí entre outras sementes que às vezes têm nomes impronunciáveis.
A designer vende seus produtos no MASP e na Dpot em São Paulo e no Rio procura fazer peças exclusivas para, entre outros, o hotel Fairmont, a loja Maria Manuela, Pagé e o Studio Grabowsky. Embora seus painéis de grandes formatos sejam uma grande tendência de seu trabalho, no momento o que faz muito sucesso são as vassourinhas, feitas de capins de várias espécies que vêm com uma tag explicativa de sua identidade e um “feiticinho” ensinando como varrer o mal da casa.
“Arrematei também um lote de produtos de uma fábriqueta que fechou e estou preparando peças com argolas de chifre e bijuteria em bakelite, um produto vintage sintético pré- plástico”.
Mas aguardem as novidades: assim que acabar a pandemia Monica vai lançar novas bolsas usando sementes e Kubas,teares orgânicos africanos.
Você já conhece nossas redes sociais?
Já segue a Conexão Décor?
Siga o nosso Instagram e Facebook e acompanhe as novidades sobre decoração, arquitetura e arte.
Conheça também nosso Pinterest, repleto de imagens para te inspirar.