Ora direis, sacrilégio! Concordo. Mas minha primeira impressão sobre a poltrona B3, um dos designs mais icônicos do século passado foi de puro desprezo.
Acho que o termo é forte, mas não conseguia entender como a Wassily Chair, escorregadia e desconfortável, podia seduzir tanta gente.
Quando sentei, escorreguei para o fundo de couro e imaginei que em segundos passaria pelo maior “mico” da minha vida. Tombo certo.
Para piorar, a dona da casa notou e me acalmou: “Fica tranquila, ela não vai desabar“. O sorriso amarelo me acompanhou o tempo todo e ficou pior ainda quando, ao levantar, tentei demonstrar elegância brigando com a saia que teimava em deixar à mostra o que não devia…
Tomei birra e sempre que topava com ela corria para encontrar um assento menos apavorante. O fato é que minha estreia mal sucedida me deixou com um trauma que a moderníssima poltrona não merecia. Afinal, casa de arquiteto que se prezava tinha sempre uma B3 na sala quase como uma escultura.
O húngaro Marcel Breuer, designer da poltrona, fez parte da primeira geração de profissionais formados pela famosa escola Bauhaus e destacou-se na área de mobiliário. A inspiração para a peça de mobiliário veio de uma bicicleta de aço tubular, uma novidade que surgia no mercado.
Foi o que bastou para que o designer criasse o primeiro móvel feito de estrutura semelhante. O protótipo chamou a atenção do pintor Wassily Kandinsky, seu amigo e colega na Bauhaus e Breuer resolveu fazer uma especialmente para ele.
A poltrona era uma novidade e tanto e anos mais tarde, com a chancela do artista já famoso, foi renomeada com seu nome. Tudo isso aconteceu em 1926 e os primeiros modelos, feitos de lona, só foram fabricados em couro após a Segunda Guerra quando a empresa Gavina comprou a licença para fabricar a poltrona. Atualmente várias fábricas reproduzem a Wassily, mas só a Knoll tem a licença da original.
Isso dito, tenho notado um “comeback” da poltrona em várias reportagens de arquitetura e decoração. Ela merece.
Se você não tiver a sua, fique de olho no que existe nas lojas. Algumas têm cores vibrantes (acho que Breuer não aprovaria) mas nada como as clássicas e discretas.
O modelo não precisa de nada mais do que sua forma revolucionária. Que se mantêm até hoje, quase 100 anos depois de sua criação.
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