Les Lallanes
Enfim 2023… Muda o ano, muda alguma coisa? Acho que nós temos que procurar mudar tudo que não dá certo, esvaziar a casa e o coração de coisas inúteis, encontrar caminhos criativos que nos tragam prazer (tentem o exercício físico, vai, esqueçam a preguiça) e estarmos mais abertos às novidades, isso não tem jeito.
Não digo que vocês procurem entrar de cabeça no Metaverso, mas dêem uma espiadinha para saber o que é. Filhos, amigos e até netos vão achar que a “pessoa” está dentro dos padrões modernos. Dito isso, Feliz Ano Novo! Me acompanhem por aqui, postem comentários ou sugestões, as portas estão sempre abertas. E vamos conhecer, ou refrescar a memória? Falar de pessoas talentosas que deixaram sua marca nas artes e no design?
Um casal de artistas franceses que nunca pode – nem quis – ser dissociado, François Xavier e Claude Lallane sempre trabalharam tão intensamente juntos que eram conhecidos como Les Lallane (os Lallane).
Jean François (1927/2008) nasceu em Argen e aos 18 anos mudou-se para Paris onde estudou escultura, desenho e pintura. Ao lado do “studio” que alugava em Montparnasse morava Brancusi, que o apresentou a vários artistas como Max Ernst, Marcel Duchamps e Man Ray. Claude Lalanne (Claude Jacqueline Georgette Dupeu -1924/2019) nasceu em Paris onde estudou arquitetura na École des Arts Decoratifs.
Posteriormente ingressou numa comunidade em Montparnasse onde conheceu os artistas americanos Larry Rivers e Jimmy Metcalf que a ajudaram a desenvolver os processos de galvanização, nicho em que ficou famosa por seus objetos decorativos e utilitários em superfícies metálicas. Antes de encontrar e se apaixonar por Jean François, em 1952, foi casada com o arquiteto Jean Kling, com que teve três filhas, posteriormente adotando Dorothée, filha de François.
Interessante é que os dois se encontraram numa galeria onde ele expôs suas pinturas pela primeira vez e significou também o fim de sua carreira de pintor já que iniciou junto com Claude, um trabalho com esculturas. Eles ficaram conhecidos por suas criações a quatro mãos: enquanto François se dedicava a trabalhar esculturas de animais, Claude sempre preferiu a vegetação, a natureza.
Desde uma de suas primeiras exibições, em 1964, intitulada Zoophites, que fazia referência a objetos que tinham características de animais e plantas, os artistas sempre tiravam inspiração do tema da flora e da fauna metamorfoseando suas formas e transformando-as em peças instigantes.
Claude transformava plantas e animais em peças líricas e algumas vezes surreais enquanto François tornava animais em objetos de formas esculturais muitas vezes com uma função prática. Assim fizeram, aos poucos, um bestiário e um compilado de frutas, povoado de figuras e plantas gigantes onde até mesmo uma lata de sardinhas se transformava em sofá.
Claude criou bancos, espelhos e até mesmo gaiolas e jóias ornamentadas de folhas de ginkgo, que alcançam altas cifras em leilões internacionais. Uma de suas criações mais famosas foi a “L´Homme à tête de chou” (o homem com a cabeça de repolho”) datada de 1968, que serviu de fonte de inspiração para o cantor Serge Gainsbourg compor um álbum com o mesmo nome.
A fama ficou mais perto quando Yves Saint Laurent e seu companheiro Pierre Bergé lhes encomendou um trabalho: um carneiro de bronze em tamanho natural coberto de pele.
A primeira coletiva dos artistas de escultores incluiu a incensada escrivaninha em forma de rinoceronte, a Rhinocrétaire , de François, e a escultura de um repolho com pés de galinha criada por Claude..
Já neste século, os trabalhos dos Lallane foram exibidos diversas vezes em Nova York e em 2009 os dois participaram do Park Avenue Recession Art, que compreendia uma série de grandes esculturas entre as faixas de pedestres da Park Avenue. As peças eram uma maça de bronze, um carneiro, a Choupatte e o Singe Avisé, que foi o último trabalho de Jean François.
Suas obras estão em vários museus entre os quais: the Cooper Hewitt de NY, Musée Nationale d’Art Moderne/Centre Pompidou, Musée d’Histoire Naturelle em Paris, sem falar nas esculturas que estão em alguns pontos da cidade de Santa Monica, de Jerusalém e de Paris.
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