Na infância de Gisela Simas, as férias e feriados eram passados na Casa do Sol, residência modernista dos anos 1950 em Petrópolis, hoje transformada em hotel. Segundo ela, um lugar meio mágico, onde podia brincar livre e solta.
De forma natural, o modernismo passou a fazer parte de suas memórias e, quando decidiu trabalhar como designer, as características do movimento se transformaram em referência principal. Gisela acaba de realizar a exposição Gisela Simas – Modernismo Revisitado: um Gesto no Tempo, com curadoria de Clarissa Schneider e expografia de Alessandro Sartore.

Mais de 40 peças de mobiliário encontraram o cenário perfeito na Casa das Garças, na Gávea, projeto de Oscar Niemeyer envolto em jardins de Burle Marx. As curvas desenhadas pelo mestre da arquitetura em 1952 abraçaram o traçado orgânico das peças da designer.
Como boa filha do modernismo, Gisela reverencia a madeira, as estruturas leves e elegantes, o primor artesanal. No entanto, suas peças são contemporâneas, falam com os dias de hoje e trazem componentes lúdicos, como um estímulo a cultivar momentos de alegria no cotidiano.

Pena que a mostra durou pouco tempo – apenas alguns dias em setembro, na programação paralela à ArtRio. Primeiro, porque foi uma rara oportunidade de adentrar a Casa das Garças, sede do Instituto de Estudos de Política Econômica (IEPE/CdG), que, normalmente, não é aberta a visitação. Segundo, porque a obra de Gisela desperta a vontade de saborear aos poucos, observar todos os detalhes e ouvir as histórias que a designer tem para contar. Como a da cadeira Aba, inspirada na obra de Tarsila do Amaral, ou da luminária Congonhas, imaginada durante um tempo de espera em aeroporto, quando a designer pousou o olhar na asa de um Boeing – a peça foi reconhecida com o European Design Award, na Bélgica, em 2018.

No ano seguinte, Gisela voltou a morar no Rio após uma década em Londres, durante a qual concluiu os cursos de Design de Mobiliário (2010) e Design de Produto (2012) na Central Saint Martins. Antes disso, ela havia se formado em Design de Interiores pela Faculdade Cândido Mendes, em 2001.

Nas visitas guiadas realizadas na exposição, Gisela afirmou que suas criações nascem do amor – pela madeira, pela arte, pela família, pelos amigos. Contou que, a exemplos de muitas outras mães, desacelerou a vida profissional para cuidar dos três filhos, mas não se arrepende de nada: além de ter construído uma trajetória respeitada, hoje experimenta a felicidade de curtir a primeira neta e segue criando intensamente. Só na exposição da Casa das Garças, foram 13 lançamentos, entre móveis, objetos e luminárias.

Neste ano, peças suas já estiveram em Paris, na mostra Héritage Culturel et Savoir-Faire, na embaixada do Brasil, dentro da agenda da Design Week local, e no Mac Niterói, na mostra Then and Now – Brazilian Legacy, organizada pela galeria Philia, de Nova York. Petrópolis, terra do coração, agora abriga o ateliê da designer e o projeto social fundado por ela, o SOS Serra, que, entre outras ações, ensina fundamentos de design e sustentabilidade para crianças e adolescentes.
Designer: Gisela Simas
Fotógrafo: André Nazareth
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TAG: Lúcia Gurovitz, modernismo, Gisela Simas, design