Para mim, como jornalista, às vezes um título de matéria surge na cabeça antes que a gente saiba o que vai escrever. Frozen, o título dessa coluna, é um exagero, mas acredito que fisgue o olhar.
Como dizia o poeta Pablo Neruda, “Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca umas ideias”. Adoro essa frase. E segundo o escritor Gabriel Garcia Marques, o leitor tem que ser fisgado logo na primeira linha.
Fisguei?
Acham que vou falar do frio?
Olha, outra vez citando alguém, Adriana Calcanhoto dizia na canção que “O inverno no Leblon é quase glacial”. Eu acrescento que em Ipanema, no Jardim Botânico, na Gávea e em várias regiões do Rio de Janeiro, de onde escrevo, o clima está quase europeu.
Não riam. A máxima aqui em casa é de 21°, mas a sensação térmica pode-se dizer que é de 15° ou menos. Para cariocas que passaram a pandemia usando chinelos, as meias agora estão na ordem do dia. E pior é que não há jeito de encaixar os dedinhos nas tiras. Fomos obrigados a tirar do armário os sapatos fechados que, convenhamos, não são tão confortáveis para passar da sala para o quarto, para a cozinha, para o banheiro, para a varanda. Ah, a varanda não, o frio polar não permite.
Tudo isso para contar que às vezes acho que voltamos ao começo do século XX. Acostumada a receber avisos e releases de assessorias há quase 30 anos, me deparo com algumas pérolas que poderiam estar em revistas e jornais daquela época.
Exemplos:
“Como deixar o lar mais acolhedor”
“Como organizar uma casa com crianças”
“Quatro dicas para garantir um banho quentinho com o chuveiro elétrico”
“Como usar vasos na decoração”
“Dicas para tornar espaços pequenos mais agradáveis”
Sei que a culpa não é dos incansáveis assessores, que penam para conseguir um espacinho para seus clientes. Mas sinto saudades de quando os e-mails vinham cheios de novidades, de lançamentos, de ideias bacanas.
Ou quando ofereciam entrevistas com pessoas interesantes. Já bati papo com Claudio Luti, o capo da Kartell, um italiano de fala mansa e gestos contidos; Mathieu Lehanner, Tricia Guild, India Mahadavi, Ines de la Fressange, Christian de Portzamparc, Gaetano Pesce e outros tantos nomes internacionais. Sem falar dos nossos talentosos designers e arquitetos, e posso afirmar que alguns deles acabaram se tornando amigos para além do lado profissional.
Vai melhorar? Vai sim. Vai voltar a alegria e a criatividade com as mudanças que surgiram depois de mais de um ano buscando novos caminhos. Afinal, as pessoas não estão congeladas. Só nosso clima carioca que, estranhamente, está bem frozen.
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