Quem nunca desejou ter um corpo perfeito? Apesar de ser subjetiva a ideia de perfeição, os corpos femininos desejados mudaram através dos tempos, muitas vezes valorizando curvas rechonchudas até estacionarem num patamar quase inatingível: o da magreza excessiva, provocando doenças como a bulimia e a anorexia.
Essa ditadura é uma tortura física e mental, um sofrimento para muitas mulheres.
A artista plástica Patricia Guerreiro faz jus ao sobrenome, pois foi uma guerreira que lutou não em busca da perfeição, mas em busca da saúde.
“Cheguei a pesar 102 quilos numa época em que o politicamente correto não existia. Apesar de não ter sofrido bullyng, sentia o olhar de pena das pessoas. Resolvi fazer uma reeducação alimentar aos 20 anos e consegui perder 40 quilos. Venho mantendo o peso – já tenho 47 anos – e, claro, com muita renúncia“, confessa Patricia, que trabalha com barro e lançou uma nova coleção de peças de cerâmica que batizou de “?Corpos Perfeitos!”.
Muitas foram moldadas em seu próprio corpo com a expectativa de comunicar-se com outras mulheres que sofrem, ou sofreram, como ela.
Com a adição de fios de cobre, que remetem ao arame farpado ou placas que lembram espartilhos, ela pretende mostrar a tortura dessa cultura que aprisiona, que tolhe a liberdade individual.
“O barro está muito ligado a objetos utilitários e com essas peças quis passar um recado. É uma obra conceitual“, explica.
Jornalista do mercado financeiro durante 18 anos, ela largou a profissão e entrou em cursos para aprender a expressar sua arte através de várias técnicas e tentando imprimir nas suas criações uma linguagem própria.
Durante a quarentena ela foi para a serra, deu uma “engordadinha” e pensando na premissa de que o corpo é laico, foi moldando vasos que, muitas vezes, se criaram sozinhos.
“Enquanto trabalhava o barro tombou e se transformou num corpo disforme. Ele tem temperamento!”
A artista deixa aparentes as micro rachaduras, as reentrâncias e às vezes utiliza caligrafia. Quando aconteceu o julgamento do “Estupro culposo”, Patricia fez um manifesto no Instagram tentando mostrar a dor na cerâmica.
Meu corpo não tem culpa
Seu corpo não tem culpa
Nossos corpos não têm culpa
“Teve um retorno inesperado. Acho que todas as mulheres se reconheceram nesse episódio lamentável”.
Um detalhe interessante é que em setembro uma de suas peças, “Limite da Existência” foi selecionada para a exposição internacional “1000 Vases” que aconteceu na Paris Design Week 2020 e ficou exposta ao público.
“E foi vendida“, exulta,” Isso me deu muita força“.
As peças podem ser encontradas em seu atelier e na loja Ovoo, no Casa Shopping.
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